O juiz João Bosco Soares, da Décima Vara Criminal de Mato Grosso, estabeleceu então, nesta quarta-feira (14) o pagamento de 200 salários mínimos, que corresponde a R$ 209 mil, com a justificativa de que não foram analisadas todas as circunstâncias na determinação da primeira fiança.
O magistrado cita que a legislação prevê que o valor da fiança deve ser fixado de acordo com as circunstancias do crime, dentre elas a natureza da infração e as condições de riqueza do conduzido.
Dessa forma, o juiz justifica que o valor da fiança fixado pela polícia, de R$ 1 mil, é irrisório.
"É incompatível com a realidade financeira do flagranteado, é incapaz, sequer, de cobrir as custas do processo criminal, quanto mais de suportar a devida reparação dos danos sofridos por terceiros", diz.
Marcelo Cestari, que está em liberdade provisória, deve pagar o novo valor da fiança em até cinco dias.
O advogado da família Cestari, Rodrigo Pouso, disse ao G1 que a arma pertence ao sogro da jovem que fez o tiro acidental. A prisão de Marcelo ocorreu justamente porque ele não tinha documentos dessa pistola que não é dele.
O corpo de Isabele foi enterrado nessa terça-feira (14). A família Cestari não participou do velório e do sepultamento.
Isabele Guimarães estava na casa da família Cestari, um sobrado no condomínio Alphaville, em Cuiabá. O advogado explicou que era comum a presença da jovem na casa, já que são melhores amigas e moram no mesmo condomínio e tinham o costume de dormir na casa da outra.
Marcelo estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.
A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.
“Ela subiu e chamou Isabele que estava no banheiro. Nesse momento o case caiu no chão e abriu. Uma das armas caiu e ela foi pegar. Com uma das mãos ela segurou o case e a outra pegou a arma. Ela perdeu o equilíbrio entre segurar a arma e o case e a pistola disparou”, contou o advogado.
A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para Isabele.
A arma, a cápsula e o projétil disparados foram apreendidos e passarão por perícia. Isabele foi atingida por um único disparo que atingiu a região do nariz.
“Ela está mal, destruída. É uma menina de 14 anos que vai levar isso pro resto da vida. Era a melhor amiga dela”, finalizou o advogado.
Segundo a federação, o pai e a menina participavam das aulas e de campeonatos há três anos. Os nomes deles constam nos grupos, chamados 'squads', que participavam das competições da FTMT. Outros membros da família também participavam desses grupos e praticam o esporte.
O presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso, Fernando Raphael Oliveira, lamentou o incidente.
O advogado da família Cestari contestou a informação e afirmou que a adolescente praticava o esporte há apenas três meses.
A situação ocorreu por volta de 22h30 de domingo no condomínio Alphaville 1, localizado no bairro Jardim Itália. A jovem que atirou tem a mesma idade da vítima e pegou a arma do pai dela, que é atirador esportivo.
Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi ao local, mas ela já havia morrido. Ela foi encontrada no banheiro da residência.
Isabele era filha do médico neurocirurgião Jony Soares Ramos, de 49 anos, que morreu em um acidente, em junho de 2018 na Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251), em Cuiabá. Ele pilotava uma motocicleta e atropelou uma vaca.