O advogado da família, Rodrigo Pouso, disse ao G1 que a arma pertence ao sogro da jovem que fez o tiro acidental. A prisão de Marcelo ocorreu justamente porque ele não tinha documentos dessa pistola que não é dele.
A Polícia Civil deve ouvir nesta segunda-feira (20) o namorado da adolescente de 14 anos que matou com um disparo acidental a amiga dela, Isabele Guimarães, no dia 12 deste mês, em um condomínio de luxo, em Cuiabá. O pai do adolescente de 16 anos também será ouvido. Ele é dono da arma.
As duas famílias, a da adolescente que disparou, e a do namorado dela praticam tiro esportivo.
De acordo com os depoimentos da menina e do pai dela, o namorado teria levado essa e outra arma até a casa da família para o pai da namorada avaliar para compra. Com medo de ser pego numa blitz, o jovem teria pedido para deixar as armas na casa dela.
O pai da menina contou a polícia que pediu para a filha guardar as armas. Segundo ela, antes de guardar as armas no cofre no quarto do pai, foi atrás da amiga que estaria no banheiro do quarto dela. Ao chamar Isabele, ela diz que se desequilibrou e as armas que segurava caíram e, ao pegar, uma delas disparou.
O tiro atingiu a cabeça de Isabele. Em entrevista ao Fantástico, Patricia Guimarães Ramos, a mãe de Isabele que mora no mesmo condomínio disse que foi chamada quase uma hora depois do suposto acidente.
Na sexta-feira, quase cinco dias depois, foram feitas buscas e apreensões. Foi feita uma nova perícia na casa onde a menina morreu com o agente químico luminol para verificar se havia vestígios de sangue em outros lugares da casa, além do banheiro onde Isabele foi encontrada morta na primeira perícia no dia do disparo.
Depois dessa tragédia, o Ministério Público de Mato Grosso enviou um requerimento à Procuradoria Geral da República, pedindo que a PGR entre com uma ação de inconstitucionalidade contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro, do ano passado, que permite que, a partir dos 14 anos o adolescente pode praticar tiro esportivo só com autorização dos pais, sem passar pelo juiz.
Segundo o MPE, nessa idade os adolescentes ainda não teriam discernimento e preparo emocional suficiente e ainda que, de acordo com a Constituição Federal, crianças e adolescentes devem ser protegidas não só pela família, mas pela sociedade e pelo estado.
A PGR informou que recebeu o pedido e ele está sob análise da assessoria jurídica constitucional.
O pai da menina, que tinha sete armas na residência, também foi ouvido pela polícia. Ele chegou a ser preso por não ter documento de duas armas, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 1 mil. Depois, a Justiça elevou o valor da fiança para R$ 209 mil. Ele recorreu e no fim de semana o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Rondon Bassil Dower Filho, aceitou o recurso e baixou o valor para R$ 10 mil.
O advogado da família, Rodrigo Pouso, disse ao G1 que a arma pertence ao sogro da jovem que fez o tiro acidental. A prisão de Marcelo ocorreu justamente porque ele não tinha documentos dessa pistola que não é dele.