A Justiça de Mato Grosso do Sul aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MP-MS) contra o homem que é acusado de matar sua vizinha e dormir por dois dias com o corpo embaixo de sua cama, antes de deixá-lo na esquina de um bar. Ele vai responder por feminicídio, ocultação de cadáver, vilipendio de cadáver e concurso material.
O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Aluízio Pereira dos Santos, aceitou a denúncia por feminicídio contra Marcos André Vilalba Carvalho, de 21 anos, na quinta-feira, dia 30. Ele está preso desde o dia 15 de julho. O G1 tentou contato com a defesa do acusado, mas até a atualização mais recente da matéria não conseguiu.
A vítima, Carla Santana Magalhães, de 25 anos, desapareceu no dia 30 de julho, por volta das 19h, da frente de sua casa. Ela foi encontrada morta no dia 3 de julho.
Segundo a denúncia do MP-MS, o acusado abordou Carla na frente da casa dela e aplicou um golpe conhecido como “mata-leão”, para imobilizá-la e depois levá-la para a edicula onde morava, que ficava ao lado da residência da vítima.
A mãe de Carla relatou que chegou a ouvir, de dentro de sua casa, gritos da filha pedindo socorro, mas quando chegou a frente da residência encontrou somente o seu celular da filha.
Um boletim de ocorrência pelo desaparecimento foi registrado na Polícia Civil e por alguns dias a polícia investigou até mesmo a possibilidade de a jovem ter sido raptada e levada em um carro.
Entretanto, de acordo com o Ministério Público, após ser atingida pelo golpe, Carla perdeu temporariamente os sentidos. Dentro da edícula, o acusado teria a atingido com golpes de faca no pescoço, que provocaram a sua morte.
O MP-MS aponta que após matar Carla, Carvalho vilipendiou o cadáver, praticando sexo com a vítima morta.
Conforme a denúncia, por dois dias, o acusado manteve o cadáver da vítima embaixo de sua cama. Nesse período, ele manteve sua rotina inalterada. Foi trabalhar durante o dia como ajudante de pedreiro, fez tarefas domésticas e dormiu na cama, com o corpo escondido embaixo do leito.
O MP aponta que somente na madrugada do dia 3 de julho o acusado carregou o corpo de Carla até uma esquina, onde o cadáver foi encontrado pouco depois.
A polícia afirma que chegou até o acusado após analisar câmeras de segurança, percebendo que não havia veículo envolvido no crime, o que delimitava a ação para um suspeito que morava próximo de Carla e conhecia a rotina da vítima. No local do crime, os policiais encontraram um cadeado e familiares apontaram a casa do vizinho, que estava aberta, como possível dono do objeto.
Uma denúncia anônima ainda apontou que o mesmo vizinho guardava um lençol sujo de sangue na casa dele. A casa de Carvalho fica entre a residência de Carla e a esquina de um bar, onde o corpo foi encontrado. Conforme a investigação, o suspeito já tinha passagens pela polícia por furtar a casa do avô paterno, ainda quando morava em Bela Vista, no sudoeste do estado.
A motivação do crime, segundo o suspeito, seria pelo fato do homem sentir raiva da vítima por ela não ter "dado bom dia" quando foi cumprimentá-la em uma ocasião.
Além de receber a denúncia contra Carvalho, o juiz da 2ª Vara do Tribunal de Júri de Campo Grande também estipulou a data da primeira audiência do caso. No dia 8 de setembro, às 13h30, serão ouvidas por videoconferência as testemunhas de acusação.