Um milhão e setecentos mil hectares do estado de Mato Grosso foram consumidos pelas queimadas de janeiro a 17 de agosto de 2020. A área corresponde a cinco vezes o tamanho da capital, Cuiabá, e o fogo atingiu os três biomas, Amazônia, Cerrado e Pantanal, castigando fazendas e terras indígenas.
Os dados foram divulgados pela nota técnica “Caracterização das áreas atingidas por incêndios em Mato Grosso”, lançada pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados da plataforma Global Fire Emissions Database, da NASA (National Aeronautics and Space Administration) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Quem assina a nota é Vinícius Silgueiro, Ana Paula Valdiones e Paula Bernasconi, e o documento passou pela revisão de Douglas Morton, do Goddard Space Flight Center da NASA. Os dados referem-se às áreas atingidas por queimadas entre janeiro e 17 de agosto.
As terras indígenas correspondem a 18% da área afetada (307 mil hectares), enquanto metade dela está em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), com 874 mil hectares contabilizados. A categoria é seguida das áreas não cadastradas, que tiveram 367 mil hectares consumidos pelo fogo.
Em relação aos biomas, a Amazônia registrou 37% das áreas, seguida do Pantanal, com 32%, e do Cerrado, com 31%. Apesar de os números parecerem equilibrados, a nota explica que, considerando a proporção do tamanho do bioma, o Pantanal foi o que mais sofreu pela ação do fogo, já que as queimadas consumiram 9% de todo o bioma em Mato Grosso, sendo 95% de vegetação nativa. No bioma Cerrado essa proporção dos incêndios em áreas de vegetação nativa foi de 67% e, na Amazônia, 47%.