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Jovem morre após ser picado por jararaca em fazenda de MT

Giovani Lima Corrêa, de 29 anos, precisou fazer uma viagem de 4 horas para receber o soro, pois a região onde morava não fornecia o medicamento.

Data: Quinta-feira, 03/09/2020 10:31
Fonte: G1 MT

Um jovem de 29 anos morreu após ser picado no tornozelo por uma cobra jararaca durante um trabalho rural em Denise, a 208 km de Cuiabá. O incidente ocorreu na sexta-feira (28). Giovani Lima Corrêa ficou internado por três dias no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), mas teve uma parada cardiorrespiratória nessa segunda-feira (31) e morreu.

A mulher de Giovani, Andras Reis, contou ao G1 que o marido saiu para consertar a cerca de uma fazenda. Segundo ela, Giovani usava botinas e roupas apropriadas para o trabalho, oferecidas pela propriedade.

 

“O chefe dele disse que ele gritou e falou que a jararaca tinha picado. Em seguida, ele começou a sangrar e desmaiou”, relatou.

 

O trabalhador foi socorrido pelos próprios funcionários da fazenda e encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Após receber os primeiros socorros, o paciente foi transferido para o HMC, que fica a mais de 200 km de Denise, pois não tinha soro antiofídico na região.

“Não podiam mandar para Cuiabá sem documentos, então tive que dar um jeito de levar e demorou um pouco, porque são 20 km até a cidade. Quando cheguei na UPA ele já estava sangrando pelos olhos, nariz e boca”, contou.

Andras disse que foram cerca de 4 horas de viagem até chegar a Cuiabá.

G1 entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. A reportagem não conseguiu contato a Saúde de Denise.

O médico coordenador do Centro Antiveneno de Mato Grosso (Ciave), José Antônio de Figueiredo, disse que o paciente chegou no hospital com hemorragias internas e em situação crítica.

Segundo o médico, Giovani recebeu 12 ampolas do soro antiofídico e foi entubado.

“Ele foi muito recebido, bem atendido, mas o veneno já tinha comprometido o pulmão”, disse a mulher do paciente.

No domingo (30), o trabalhador apresentou uma melhora e foi para o quarto. Ele recebeu a visita da mulher e também conversou com os filhos e a sogra por telefone.

 

“Achei que ele sobreviveria. A última coisa que disse a ele era que estava muito feliz por ele estar se recuperando. Mas, na madrugada de segunda-feira (31), pedi informações na recepção e me disseram que ele havia sido entubado de novo”, contou Andras.

 

Giovani morreu na manhã de segunda-feira por insuficiência respiratória após ter uma parada.

Ele deixa a mulher e três filhos, de 11 anos, 5 anos, e um bebê de 5 meses.

 

“Foi muito difícil contar para as crianças, mas recebi o apoio de uma psicóloga do hospital e consegui conversar com elas. O sentimento que fica não é de revolta, e sim de lembranças. Ele era um homem muito alegre e nunca transpareceu tristeza”, declarou Andras.

 

O corpo de Giovani foi velado nessa terça-feira (1°) na casa onde morava com a família, em Denise.