Já a médica Dieynne Saugo está internada desde domingo (31) após ter sido picada por uma cobra jararaca durante um banho na Cachoeira Serra Azul, em Nobres. A cobra despencou com a queda d’água da cachoeira e atingiu a médica que estava logo abaixo. Ela esperou duas horas por atendimento adequado, porque não tinha soro antiofídico nas pousadas e resorts da região.
Assim como em Denise e Nobres, falta soro antiofídico em muitos municípios do estado.
O soro é produzido a partir do veneno retirado da própria serpente. Por isso é importante saber qual a espécie picou a pessoa.
A guia de turismo Marilene Barbosa aconselha que o turista, como foi o caso de Dieynne, comunique o guia para pedir socorro o mais rápido possível.
“Nas cachoeiras e outros lugares que a gente está guiando, estamos sempre com rádio comunicador porque se acontece algum tipo desse fato ou até mesmo a pessoa passar mal, a gente tenta pegar um sinal de celular ou falar pelo rádio e pedir socorro mais rápido”, afirma.
O Centro de Informação Antiveneno de Cuiabá funciona no Hospital Municipal. Atendeu de janeiro a agosto 137 pessoas que foram vítimas de ataques de serpentes.
Desse total, 90% dos casos são de pessoas que foram picadas por jararacas. A pessoa picada por cobra precisa ser levada para o hospital o quanto antes. A demora no atendimento pode resultar em sequelas e até causar a morte.
O coordenador do Centro de Informação Antiveneno, José Antônio Figueiredo, conta que alguns lugares não têm infraestrutura para ajudar pacientes vítimas de picada.
“Temos hoje em torno de umas 25 a 30 ampolas, mas geralmente na quinta e na sexta a gente faz uma solicitação de reposição. Essa distribuição é feita com uma logística que não tem como todos os municípios terem o soro. Até mesmo porque a necessidade de se ter locais com aparato para que se possa ser feito o soro e a gente sabe que em alguns municípios, por mais que tenham o serviço de saúde, não tem uma infraestrutura para atender, por exemplo, um paciente que necessite de intubação ou de uma UTI”, afirma.
A vítima de picada de cobra precisa ser levada para o hospital com rapidez. A demora no atendimento pode resultar em sequelas e até causar levar à morte.
O médico Waldirson Coelho aconselha a fotografar o animal e, se estiver morto, até mesmo levá-lo junto com o paciente para fazer a identificação e aplicar o soro adequado.
“Cada tipo de cobra causa um efeito no corpo da pessoa e é preciso um tipo específico de soro. Então é importante que o animal seja identificado. Isso acelera o atendimento e acelera a recuperação do paciente que é muito importante”, afirma.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) disse que apenas os hospitais podem aplicar soros antiofídicos porque o tratamento precisa de acompanhamento médico.
Já o Ministério da Saúde informa que, por causa da deficiência da produção dos soros, o próprio órgão que é responsável pela própria distribuição do medicamento, tem enviado uma quantidade bem restrita de acordo com as ocorrências e locais dos tratamentos dos pacientes.
Quanto ao caso da médica que foi picada quando estava na cachoeira, a secretaria de Saúde de Nobres, disse que tem o soro, mas que a equipe do local onde fica a cachoeira tem o próprio protocolo de atendimento.