Uma exposição do Weltmuseum, em Viena, tem causado polêmica por expor cabeça cortada usada como troféu de guerra pelos Munduruku, etnia indígena do Norte do Brasil.
De acordo com o jornal britânico “The Art Newspaper”, especialistas criticam a instituição por não informar sobre a procedência do corpo e das demais peças da mostra, datados do século XIX.
A curadora do museu, Claudia Augustat, afirma que a exposição segue as determinações do Conselho Internacional de Museus (Icom) para a exposição de restos humanos, mas não detalha como o artefato foi obtido.
Em entrevista ao jornal O Globo, a museóloga e coordenadora de Patrimônio Cultural do Museu do Índio do Rio, Ione Couto, alerta que o exibição desse tipo de peça exige cuidados específicos.
"É fundamental contextualizar com precisão este tipo de item, evitando abordagens que retratem estas culturas pelo viés do exotismo. O próprio Quai Branly (o Museu das Artes e Civilizações da África, Ásia, Oceania e Américas, em Paris) mudou seu modelo de exibição. Também fizemos uma mudança no Museu do Índio a partir de 2001, deixamos de ter mostras genéricas para focar em determinados grupos de cada vez", afirma Ione.