Um estudo publicado na revista Social Science & Medicine em 12 de setembro afirmou que a maioria das mulheres americanas que realizaram o aborto legal não se arrependem da decisão.
Os pesquisadores conversaram diversas vezes com 667 mulheres dos Estados Unidos em um período de cinco anos após o procedimento, e 95% reconheceram que a decisão foi a melhor a ser tomada na época. As informações são do jornal britânico The Guardian.
A pesquisa possuiu resultados semelhantes a uma já feita em 2015, que também apresentou a porcentagem alta em relação à aceitação do procedimento – que ainda possui resistência mesmo em lugares onde o aborto é previsto pela lei ou pela Suprema Corte, como é o caso dos Estados Unidos.
Entre as perguntas feitas a cada uma das mulheres, se explorava se elas sentiam “tristeza, culpa, alívio, arrependimento, raiva ou felicidade” em relação à decisão, diz o jornal. Ao longo dos cinco anos de conversas, o sentimento de alívio foi o predominante.
No entanto, o processo não é linear. Nos dois primeiros anos após a realização do aborto, muitas mulheres apresentam sentimentos conflitantes e misturados, como a sensação de culpa e de alívio simultaneamente. Conforme o tempo passa, permanece a sensação positiva em relação ao procedimento.
A pesquisadora-chefe do estudo, Corinne Rocca, da Universidade da Califórnia em São Francisco, afirmou à reportagem do The Guardian que ainda há o estigma que as mulheres que passam pelo aborto necessariamente sofrerão consequências emocionais severas e perigosas. Segundo a pesquisa, porém, o cenário não se afirma dessa maneira na prática. Para Rocca, o alarde demasiado é impulsionado principalmente por grupos anti-aborto.
No mundo, cerca de 63 países têm o aborto como uma prática legalizada e que não prevê prisão para as mulheres que optarem pela interrupção da gestação. Normalmente, só é possível interromper a gravidez de forma legal até a 12ª semana de gestação. Há também países que permitem a prática em casos de estupro, risco de morte materna ou feto anencéfalo – como é o caso do Brasil, em que demais formas de aborto são criminalizadas.