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BRASIL VIVE CABO DE GUERRA ENTRE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA E ENTREGA DE REFORMAS

Data: Sexta-feira, 25/09/2020 16:51
Fonte: Grupo Amplitude /Juína

O Brasil enfrenta hoje um verdadeiro cabo de guerra, na visão do banco americano Citi. Enquanto de um lado apresenta notícias positivas sobre a recuperação econômica após o choque pandêmico, do outro o governo Bolsonaro não consegue fazer a sua parte em relação à agenda de reformas.

"A recuperação da economia continua trazendo boas notícias enquanto Brasília falha em fazer isso", dizem Andrea Kiguel, Alvaro Mollica e Dirk Willer, do Citi, em relatório.

Na visão deles, dois temas conflitantes que os mercados vão pesar até o final do ano são a retomada do crescimento no País e o andamento das reformas.

O barulho que a recuperação da economia brasileira tem feito começa a ficar mais alto, conforme o Citi, que cita o indicador de confiança da indústria da FGV, que nesta semana superou o nível pré-covid-19, e a conta corrente que apresentou seu quinto superávit mensal consecutivo em agosto.

No entanto, por outro lado, o governo pode demorar mais para alcançar decisões importantes em relação à agenda de reformas necessárias ao País. "O que significa que o mercado não terá uma visão completa do teto de gastos tão cedo quanto gostaria. Isso cria um cabo de guerra", dizem Kiguel, Mollica e Willer, do Citi.

Segundo eles, à medida que a conta corrente melhora, o crescimento da economia aumenta e os números do covid-19 melhoram, o cenário para o Brasil se solidifica. "Apesar dos riscos fiscais e de ser um beta mais alto para o câmbio, a barreira para o Brasil ter um desempenho inferior às moedas de outros países emergentes agora é maior", avaliam.

Os economistas do Citi não esperam uma conclusão completa do imbróglio do teto de gastos em 2020, o que implicitamente cria um obstáculo para que as taxas no mercado de juros se recuperem de preocupações políticas. "Somado a isso, ficamos mais negativos com mercados emergentes com a aproximação das eleições nos EUA", ponderam.

O Citi tem viés de alta para as taxas no mercado de juros brasileiro, com modelo de inclinação que sugere que a curva é íngreme.

 

Fonte:Por aline.bronzati@estadao.com, de São Paulo, 25/09/2020