De janeiro a setembro deste ano, o Corpo de Bombeiros atendeu 700 ocorrências de incêndios em residências no estado. Em alguns casos o fogo começou com um curto-circuito em aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos.
Nesses meses de calor intenso, aumenta o consumo de energia elétrica. As pessoas ficam mais em casa e aumenta o consumo dos eletrodomésticos.
A casa do empresário Alex Setogutti, em Cuiabá, é um dos imóveis que incendiou. Ele explica que ligou o ar-condicionado e foi até outro quarto, quando de repente o fogo começou no quarto.
“Eu escutei um estalo, como se algo estivesse quebrando, e de repente a energia toda foi embora”, afirma.
No dia do incêndio, as chamas ficaram bem altas e a fumaça escura invadiu os outros cômodos. O prejuízo só não foi maior porque o Corpo de Bombeiros chegou rápido. A cachorra da família foi resgatada por um amigo de Alex que saiu pelo telhado da casa. Ele aguarda laudos da perícia para saber o que causou o incêndio.
“Há três meses eu fiz a manutenção de todos os equipamentos de ar-condicionado da minha casa, então não foi por falta de manutenção”, afirma.
No ano passado, o Corpo de Bombeiros recebeu 1.071 mil chamadas de incêndio em residências.
Neste ano, até setembro, já foram registradas 700 ocorrências.
Em outro incêndio registrado no mês passado, uma avó jogou a neta de 3 meses da sacada do segundo andar em uma residência para salvá-la de um incêndio, no Bairro Novo Mato Grosso, em Cuiabá.
O comandante do 2° Batalhão do Corpo de Bombeiros, major Mário Henrique Ferreira, explica que esses incêndios podem ser causados por muitos equipamentos ligados em uma mesma tomada.
“As principais causas de incêndio em residência são a sobrecarga de energia nos adaptadores de energia, os famosos 'T'. São vários equipamentos ligados ao mesmo tempo em uma tomada, aliados a uma fiação elétrica já desgastada ou que já não é condizente com a quantidade de aparelhos e respeito de aparelhos nessa tomada”, afirma.
O mestre em energia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o professor Danilo Ferreira de Souz, afirma que, geralmente, os incêndios são provocados por curtos-circuitos ou sobrecarga nos casos de acidentes de origem elétrica.
"Com o curto circuito e a sobrecarga, se tem a elevação dos materiais condutores e os materiais combustíveis próximos aos materiais condutores podem entrar em combustão e iniciar um incêndio”, afirma.
Ele também falou que além do disjuntor, existe outro equipamento que pode desligar a energia de casas e empresas quando existem riscos de incêndio.
“O DR é um dispositivo que reduz o tempo de choque elétrico. Salva vidas, evitando acidentes de origem elétrica. A maioria dos incêndios são oriundos de uma fuga de corrente e o DR identifica essa fuga de corrente, muitas vezes o disjuntor não identifica. Então esse equipamento é muito importante também na redução dos incêndios de origem elétrica nas edificações”, afirma.
O Corpo de Bombeiros orienta que, em casos de incêndio, a primeira ação é entrar em contato com a corporação para pedir socorro. Mas o morador também pode evitar que as chamas se alastrem até a chegada dos bombeiros.
"Como nas residências em geral não contém extintores de incêndio, as pessoas podem tentar apagar geralmente com água, só muito cuidado com um material energizado e também fazer por abafamento, pegar um cobertor grosso e tentar abafar esse incêndio tirando o oxigênio do contato com a chama”, afirma.
Os bombeiros orientam também que sejam feitas a manutenção frequente das instalações elétricas.
Outra dica é não deixar o celular ligado na tomada a noite inteira, porque pode haver superaquecimento do aparelho e causar um incêndio.