A cuiabana Kedma Oliveira, de 26 anos, concedeu entrevista ao repórter do Grupo ND, Luan Vosnhak, e contou um pouco do episódio de agressão ocorrido no último domingo (3), em Florianópolis (SC). O empresário José Derli feriu a jovem, pagou R$1.100 de fiança e foi liberado no mesmo dia. A entrevista com Kedma foi exibida Balanço Geral Florianópolis de terça-feira (5), que começa às 11h50. A seguir, confira os principais trechos:
Fale sobre a vinda de vocês para Florianópolis.
Kedma: Moro em Cuiabá (MT) com meu marido [Kedma quer terminar o relacionamento] em um condomínio. Chegamos em Florianópolis no final de dezembro, de carro, para passar a festa de ano-novo e voltaríamos lá pelo dia 12. Veio também o filho e a nora do meu marido.
Ficamos hospedados em uma casa alugada, na Cachoeira do Bom Jesus. Não saímos domingo, porque o filho do meu marido bateu o carro em Jurerê e foi apreendido.
Como era sua relação com o filho do seu marido?
Kedma: Tranquila. Nunca tive problema, ele nunca deixou entender que não gostasse de mim, nem nada. Sempre respeitei o espaço dele e ele o meu. Eu não sei explicar, ele surtou. Ele estava defendendo o pai dele e joguei uma coisa pessoal do pai dele para ele, que envolvia um relacionamento antigo dele, com a ex. Daí ele surtou, veio pra cima de mim.
Quando aconteceu? Qual era o contexto?
Kedma: Isso tudo foi no domingo. Era um churrasco, tínhamos bebido um pouco, mas ninguém estava bêbado, acho que nem se estivesse bêbado. A gente já saiu pra beber outras vezes e nunca aconteceu esse tipo de coisa. Quer dizer, nunca comigo, com ele já aconteceu outras vezes.
A reação dele te surpreendeu?
Kedma: Muito! Até então, na hora da discussão, estávamos trocando ofensas verbais. Eu saí e ele veio atrás, me empurrou na bancada. Depois, fui para o quarto.
Eu não estava encontrando meu celular. Eu falando, ‘quero meu celular’. E ele: ‘você vai ficar dentro do quarto, você tá bêbada’. Comecei a brigar e ele trancou a porta do quarto: ‘se você sair, vou bater em você. ’
Eu tentava abrir a porta e ele estava segurando. Quando soltou, eu abri, ele socou um murro na minha boca. Sentei na cama, comecei a chorar. Meu marido entrou, começou a discutir também. Falei que não queria papo e discussão, só meu celular para ir embora.
Aí ele [o agressor] voltou, começou a me xingar, tentou me trancar de novo e o pai dele começou a apartar. O pai dele começou me segurar, ele [o agressor] veio em cima e começou a dar soco no braço, costela, cabeça. Quem conseguiu tirar ele de cima de mim foi a esposa dele, a Vanessa.
Fui para a sala, meu celular estava perto da bancada. Peguei, entrei no banheiro e liguei pra polícia. Consegui falar com a atendente. Na parte onde eu iria passar o endereço, a ligação caiu, entrei em desespero e postei no Instagram. Tirei print do endereço no Uber e mandei no grupo das minhas amigas, pedindo ajuda para chamarem a polícia.
A relação entre você e seu marido, como é?
Kedma: Não tem como a gente continuar junto. Ele não me agrediu, mas me segurou, achando que iria ajudar em alguma coisa. Deu mais ênfase para o filho dele cair em cima de mim. Ele deveria ter segurado o filho dele, não eu. Não tem como voltar com uma pessoa que você confia e, no momento desse, ela te mostra o contrário.
Na delegacia, o delegado trouxe ele perto de mim, perguntou se queria falar com ele e ir embora junto. Falei que não, porque não confio mais. Eu não significo nada para ele. Preferi permanecer distante. Recebi mensagem dele, mas até o momento, não respondi, não tive contato.
Você temeu pela própria vida?
Kedma: Sim. O que me assustou, além das agressões, foi alguém que está comigo há muito tempo ver o filho fazendo isso e a primeira coisa que saiu da boca dele depois do ato foi: ‘meu filho não fez nada! Você está errada, é sua culpa. Você também partiu para cima dele, tentando justificar. Pra mim, o mais dolorido é isso.
Que recado você passaria a outras mulheres, diante disso que você passou no final de semana?
Kedma: É muito triste que muitas mulheres passem por isso. Muitas delas por situações piores que a minha e muitas delas não têm a chance de falar. Não tenham medo de denunciar o agressor, não importa quem seja: denuncie!