Jefferson Rodrigues da Silva, de 33 anos, confessou ter sido ele o responsável por matar a empresária Rosemeire Soares Perin, 52 anos, encontrada no final da tarde desta quinta-feira (18) próximo à Passagem da Conceição, em Várzea Grande, com três cortes no pescoço. Em depoimento, o criminoso relatou que a discussão entre os dois foi motivada por uma dívida de R$ 1.250 cobrada pela vítima. Após aplicar uma gravata nela, ele decidiu assassiná-la por medo de voltar para a cadeia.
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Segundo suspeito de ter matado empresária com cortes no pescoço é preso
Rosemeire era empresária do ramo de produtos de festas e também vendia máquinas de sorvetes há mais de dez anos. Ela e Jefferson mantinham relações comercias já há algum tempo. No dia do crime, terça-feira (16), ela foi levar um produto que o criminoso havia adquirido.
Em março, Jefferson comprou uma máquina por cerca de R$ 7 mil. Porém, logo depois, ela apresentou um problema e a manutenção ficou orçada em R$ 2.100. Deste montante, o homem ficou devendo R$ 850 para Rosemeire, a partir de novembro de 2020.
Com a pandemia do novo coronavírus, Jefferson começou a ter problemas em seu comércio e somente voltou a trabalhar com a venda de sorvetes agora. Como precisava de um novo equipamento (batedor de milk-shake) acionou novamente a empresária, que cobrou R$ 400.
Ele também iniciou a venda de churrasquinho e já aproveitando, comprou pratos de plásticos da vítima, no valor de R$ 156.
No fim, a dívida de Jefferson ficou em R$ 1.250, algo que Rosemeire foi cobrar na terça-feira. O criminoso não gostou do tom utilizado pela empresária e aplicou-lhe uma gravata, sendo que ela caiu desacordada no chão e bateu com a cabeça. Desesperado, ele amarrou suas mãos e pés com fitas adesivas e amordaçou sua boca com uma meia.
Após cinco minutos, a vítima acordou, ainda um pouco desorientada. Como utilizava tornozeleira eletrônica e já havia sido preso, Jefferson afirmou em depoimento ao delegado Marcel Oliveira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que ficou com medo de voltar para a cadeia, pegou uma faca caseira de aproximadamente 30 centímetros e desferiu três golpes no pescoço de Rosemeire, que não teve nenhuma chance de defesa.
A casa de Jefferson ficou complemente cheia de sangue, o que corrobora com a versão de que ele, sozinho, matou a empresária. Posteriormente, o criminoso ligou para um parente, pedindo por ajuda. Porém, esta pessoa – sem saber o que tinha ocorrido – disse que estava cansado das “merdas” que ele já havia feito e não iria se meter em mais uma.
Foi então que Jefferson lembrou-se de Pedro Paulo de Arruda, 29, que era sócio de um lava-jato onde ele fazia trabalhos esporádicos. O rapaz topou ajudar o assassino a ocultar o corpo, foi até a quitinete, onde - por volta das 22 horas - os dois envolveram o corpo de Rosemeire em plásticos, lençol e um edredom e fizeram o transporte até a Passagem da Conceição, onde a vítima foi deixada.
Em entrevista coletiva, o delegado Marcel Oliveira disse que as provas encontradas na residência, junto ao último depoimento de Jefferson, são irrefutáveis de que ele cometeu o crime e teve a ajuda de Pedro Paulo para ocultar o cadáver. “Estava tudo ali, muito sangue encontrado, arma do crime, paredes todas cheias de sangue, evidências do arrasto do corpo”.
O trabalho incansável integrado da Polícia Militar (Rotam) e Polícia Civil ultrapassou a madrugada e só foi finalizado às 05 horas da manhã desta sexta-feira (19).
Desaparecimento
O corpo da empresária foi localizado na tarde da última quinta-feira (18), na Passagem da Conceição, em Várzea Grande. Ela tinha três cortes profundos no pescoço e quase foi decapitada.
Segundo relato da filha da empresária, Deluse Soares, a mulher saiu no dia 16 de fevereiro, em um HB20 de cor branca, placa QBX-8843, para vender produtos que sobraram da sua loja a alguns clientes antigos de Várzea Grande. Além disso, passou na casa de uma moça para ver uma máquina de sorvete.
Neste mesmo dia, relatou Deluse, Rosemeire teria combinado de ir almoçar com sua irmã, mas o encontro não ocorreu pois a filha estava trabalhando e a mãe disse que iria realizar algumas entregas e, posteriormente, tentaria encontrá-la para o almoço. Como a mãe não apareceu, a filha achou q ela estivesse ocupada e continuou trabalhando.
Quando anoiteceu, ainda no dia 16 de fevereiro, o atual marido de Rosemeire ligou para Deluse e disse que ela havia desaparecido pois não atendia às ligações e ainda não tinha voltado para casa.
Deluse contou que tentou ligar várias vezes para sua mãe após receber a notícia que ela estava desaparecida. Porém, todas as ligações caíram na caixa de mensagem. Então ela começou enviar mensagens via WhatsApp que só foram recebidas e respondidas por Rosemeire no dia seguinte, 17 de fevereiro.
As mensagens enviadas por Deluse só foram respondidas no dia seguinte, mas a filha desconfiou que tenha sido outra pessoa que respondeu, pois sabe que sua mãe não se comunica da forma como ocorreu.
Nas mensagens trocadas, Rosemeire disse que havia ido para Sinop de van na tarde de ontem (17) para buscar mais uma máquina de sorvete e que havia deixado seu carro com uma mulher em Várzea Grande.
Ainda desconfiada e tentando ter prova se sua mãe ou outra pessoa que estaria se comunicando com ela, Deluse perguntou qual o nome completo de sua avó. A mensagem não foi respondida.
A última informação que Deluse teve de sua mãe foi referente a uma atualização no status do WhatsApp de Rosemeire, nesta quinta-feira (18) contendo a seguinte mensagem:
“Bom dia a todos, não estou desaparecida gente, vim para Sinop a trabalho e estou em Cáceres estou indo para casa. Que todos vejam e fiquem tranquilos celular está descarregando pois não estou com meu carregador”.