A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) proibiu a soltura de peixes predadores de piranhas no Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, sem autorização. Na semana passada, donos de imóveis na região anunciaram uma campanha por contra própria para comprar predadores da espécie para evitar ataques de piranha na região.
Nesta semana, a Coordenação do Grupo Salve o Mando das Piranhas solicitou emergencialmente e os deputados Elizeu Nascimento e Janaína Riva eviaram um ofício à secretaria requerendo cópia do resultado do estudo feito em 2011, quando ocorreram os primeiros ataques de piranhas no Lago do Manso.
O deputado Elizeu solicitou ainda que a Sema esclareça o motivo de não autorizar a soltura do peixe da espécie Tucunaré, para controle das piranhas.
Conforme o documento, a secretaria tem sete dias para responder aos questionamentos.
Uma reunião foi realizada, nessa segunda-feira (22), pela Coordenação do Grupo Salve o Manso das Piranhas, para discutir as ações com a Sema, Secretaria de Turismo, e representantes do governo.
Em nota, a Sema disse que a proibição segue o decreto 337/2019, que disciplina o procedimento de licenciamento ambiental para cultivo de espécies de peixes.
“A secretaria esclarece que o lago do Manso, por ser um ambiente de ecossistema lêntico, nos quais a água apresenta pouco ou nenhum fluxo, é propício ao desenvolvimento de peixes como a piranha. Estes peixes normalmente são atraídos por sons de frutas e sementes que caem de árvores e batem na água. Eventualmente, poderão haver ataques a pessoas ou animais e, para que isso ocorra a piranha precisa de um chamariz”, explica.
Ainda segunda a secretaria, a população deve evitar jogar comida e entrar na água com qualquer lesão não cicatrizada no corpo para que os peixes não sejam atraídos.
“Outra recomendação, é realizar o cercamento de quiosques que ficam dentro da água com sombrites ou outro tipo de tela que permita a passagem da água e impeça o trânsito de qualquer tipo de peixe”, explica.
De acordo com a secretaria, o interessado em soltar predadores na região deve protocolar a solicitação prévia de peixamento junto à Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros da Sema com três meses de antecedência. O processo de soltura deve ser acompanhado por um responsável técnico acompanhado de ART.
Os recentes ataques de piranhas no Lago do Manso, foi o que motivos os moradores e proprietários de casas de campo na região a fazerem uma campanha para comprar os predadores da espécie.
A alegação é de que existe uma superpopulação de piranhas e que Furnas não fez o repovoamento correto dos peixes no Rio Manso, após a construção da hidrelétrica no local há cerca de 20 anos.
Ao G1 Furnas informou que faz o monitoramento desde o ano 2000 e que em todo esse período os estudos não indicaram necessidade de repovoamento. "Ações de repovoamento devem ser avaliadas e autorizadas por órgãos ambientais competentes, pois podem ocasionar impactos como empobrecimento genético das populações, veiculação de doenças (vírus, bactérias, parasitas) e alterações na estrutura da comunidade íctica, além de existir o risco de introdução de espécies exóticas da bacia", diz trecho da nota.
A campanha é mobilizada pelo advogado Ricardo Arruda, que já arrecadou mais de R$ 60 mil para a compra de predadores.
Ele disse que protocolou ofícios na Sema, no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e na Assembleia Legislativa pedindo a fiscalização no lago e apuração de indícios de danos ambientais.