A motorista de 46 anos que matou um casal de idosos atropelados no Lago Norte, em Brasília, foi liberada na audiência de custódia nesta sexta-feira (19). Autuada por homicídio doloso, com dolo eventual, Luciana Pupe Vieira vai responder em liberdade até o fim do julgamento. Com isso, ela deixa de ser escoltada no hospital, onde está internada em coma induzido.
"Seja como for, o fato objetivo é que ela se encontra hospitalizada, em estado grave, não representando risco à instrução criminal, bem assim, não havendo suspeita fundada de fuga do distrito da culpa", afirmou o juiz Aragonê Nunes Fernandes na decisão.
Ele declarou, no entanto, que nada impede que seja decretada a prisão preventiva – por tempo indeterminado – caso ficar comprovado depois que ela estava dirigindo embriagada.
O juiz também estipulou regras: proíbe que ela se ausente do DF por mais de 30 dias e mudanças de endereço sem avisar a Justiça.
No entendimento da polícia, Luciana Pupe Vieira assumiu o risco de matar ao dirigir no dobro da velocidade permitida na via principal do bairro – o velocímetro do veículo ficou "travado" em 120 km/h.
Ainda de acordo com as investigações, o velocímetro do carro apontou que ela andou a mais desta velocidade por pelo menos dois quilômetros. Após a batida, ela estava consciente, mas desorientada.
A pista onde ocorreu o acidente permite velocidade máxima de 60 km/h. Em novembro, a velocidade da avenida foi reduzida para evitar acidentes de trânsito – antes era de 70 km/h.
Segundo a delegada do Lago Norte, Mônica Ferreira Loureiro, foram solicitados exames de sangue e toxicológicos para definir se a motorista, que sofre de diabetes grave, passou mal ao volante. “Não descartamos que ela possa ter tido algum mal súbito que ocasionou tudo isso.” Os resultados dos testes devem sair de 15 a 30 dias.
“O comportamento dela fugiu muito do muito do padrão. Ela passou em alta velocidade pela quadra onde mora, na QI 7, e pela ciclovia”, continuou a delegada, que colheu três depoimentos de testemunhas.
O crime de homicídio determina de 6 a 20 anos de prisão. A motorista está presa, porém em coma induzido, no Hospital de Base. Ela deve ser transferida ainda nesta sexta (19) para um hospital particular na Asa Sul. Haverá escolta da Polícia Civil.
A família das vítimas e da motorista se conhecem da mesma igreja, de acordo com a delegada. Ao G1, familiares do casal de idosos disseram que os corpos serão cremados. Os corpos ainda não foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML).
Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcineia Rosalino da Silva, 72, vítimas do acidente, haviam voltado há apenas duas semanas de uma viagem na qual comemoraram 50 anos de casamento. Eles participaram de um cruzeiro marítimo com cerca de 20 integrantes da família.
O casal frequentava a Paróquia Nossa Senhora do Lago, na QI 3 do Lago Norte, e era conhecido por ter participação atuante na comunidade religiosa. Os dois nasceram no interior de Minas Gerais – ele, em Uberlândia; ela, em Araxá –, mas fizeram a vida em Brasília.