A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que "o quadro geral do país se mantém extremamente crítico" no país, com 17 estados e o Distrito Federal com mais de 90% das UTIs ocupadas (veja abaixo).
A situação é pior do que há duas semanas, quando a Fiocruz alertou que Brasil passa pelo "maior colapso sanitário e hospitalar da história". Na ocasião, 15 estados tinham ocupação superior a 90%.
O boletim de terça-feira (30) destaca que "estados revelam dificuldades para ampliar o número de leitos de UTI Covid-19 com vistas a atender o acentuado crescimento da demanda".
Alerta também que "insumos e medicamentos fundamentais para pacientes com Covid-19 e outros problemas de saúde também passaram a ser uma grande preocupação frente à perspectiva de esgotamento".
Estados com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos acima de 90%:
Outros 7 estados apresentam taxas acima de 80% (zona de alerta crítico):
O boletim do Observatório Covid-19 de terça-feira (30) alerta que só Amazonas (76%) e Roraima (62%) não estão na zona de alerta crítico.
Apesar da situação menos grave nos dois estados, a Fiocruz ressalta que "ambos também já passaram, por vários momentos, pela zona de alerta crítica, sendo que Manaus já teve dois momentos de colapso do sistema de saúde".
Na classificação da Fiocruz, as taxas de ocupação são divididas em:
Com 3.668 mortes na terça (30), o Brasil registrou um novo recorde de óbitos por Covid-19 e o total de vítimas passou de 317 mil no país. Só o mês de março já soma 62,9 mil mortes, quase duas vezes o total de julho (o segundo com mais óbitos).
“Neste novo patamar da pandemia, a situação mudou drasticamente. Se Manaus (Amazonas), com o colapso do seu sistema de saúde, constituiu um alerta do que poderia ocorrer em outros estados, a situação hoje de São Paulo é um alarme do quanto esta crise pode ser mais profunda e duradoura do que se imaginava até então", destacam os pesquisadores da Fiocruz no boletim.
O observatório ressalta que as medidas de restrição adotadas em diversos estados "ainda não produziram efeitos significativos sobre as tendências de alta de todos os indicadores que vêm sendo monitorados", pois "esses indicadores estão sempre defasados no tempo".
Para reverter o contexto atual, os pesquisadores reafirmam a necessidade de combinar medidas de restrição por cerca de 14 dias, medidas para adequar a oferta de leitos e a ampliação das ações de saúde da Atenção Primária em Saúde (APS), com abordagem territorial e comunitária.
Segundo a Fiocruz, 14 dias é o tempo mínimo necessário para redução significativa das taxas de transmissão e número de casos (em torno de 40%) e redução da pressões sobre o sistema de saúde.