A Prefeitura de Restinga (SP) demitiu a professora suspeita de colocar alunos de 3 e 4 anos em um saco de lixo dentro da sala de aula. A comissão sindicante que investigava o caso concluiu que ficaram comprovadas a autoria e a materialidade dos supostos castigos, que foram gravados por uma câmera de segurança da creche.
O advogado da docente, Denilson Carvalho, afirmou que o processo não seguiu a legislação pertinente e tentará reverter a demissão na Justiça.
Silma Lopes de Oliveira estava afastada do cargo desde outubro do ano passado, quando as primeiras denúncias chegaram à Polícia Civil, que também investiga o caso. Ela foi exonerada por justa causa, sob a alegação de “mau procedimento”.
Em decisão publicada em um jornal de Franca (SP) nesta sexta-feira (19), o prefeito de Restinga, Amarildo Nascimento (PMDB), também determinou que o nome de Silma seja incluído entre as “pessoas proibidas de contratar com o poder público”.
A professora substituta e uma estagiária, suspeitas de participarem dos castigos, continuam afastadas das funções e ainda respondem a procedimento administrativo. Outra estagiária que também é investigada pela polícia já havia pedido demissão no fim do ano passado.
Investigação
Em depoimento à polícia, em dezembro do ano passado, Silma negou que tenha colocado as crianças no saco de lixo como forma de castigo ou "método pedagógico", como afirmou o delegado que chefia a investigação, Eduardo Lopes Bonfim.
A professora disse apenas que os vídeos da creche foram editados e que fez isso apenas uma vez, como forma de brincadeira, após a leitura de um livro infantil sobre o assunto. A educadora também negou ter orientado as estagiárias a fazerem o mesmo.
A versão contradiz os relatos das estudantes, que dizem ter sido ameaçadas por Silma, caso contassem a alguém sobre o que ocorria em sala de aula. Segundo o delegado, uma das auxiliares afirmou que tinha medo de ser demitida, porque ajudava a família com o salário que recebia.
O caso
Imagens gravadas pela câmera de segurança da Escola Municipal de Ensino Básico (Emeb) Célia Teixeira Ferracioli, em Restinga, mostram alunos de 3 e 4 anos sendo colocados dentro de um saco de lixo pela professora e pela estagiária.
Em um vídeo gravado no dia 14 de setembro, a estagiária e a professora aparecem colocando um menino dentro de um saco de lixo preto. Uma coloca o garoto em pé, em cima do saco, e o segura pelos braços, enquanto a outra tenta puxar e fechá-lo.
Em outro momento, uma criança deitada em um colchão parece se debater no interior do saco. Em outra cena é possível ver a estagiária com uma raquete e o saco nas mãos, como se quisesse intimidar os alunos.
Vítima da professora e da estagiária, um menino de 3 anos contou que a educadora agia desta forma toda vez que ele fazia bagunça. Mãe do garoto, Ivanilda Assis de Carvalho disse que o filho se recusa a voltar à creche porque passou a sofrer bullying.
O caso foi levado ao Conselho Tutelar pela mãe de um aluno, em setembro deste ano. Logo depois, outras duas mães também procuraram a entidade e foram orientadas a procurar a direção da creche e a fazer boletim de ocorrência.
Entretanto, segundo o delegado, apenas uma das famílias levou a denúncia à Polícia Civil. Os investigadores ainda estão analisando cerca de 80 horas de imagens. Os vídeos que flagraram os “castigos” serão periciados no Instituto de Criminalística.