Uma médica que fez parte da equipe que cuidava da jovem Mikaely Karoline Souza, de 20 anos, que estava grávida de 7 meses morreu em decorrência da Covid-19 em Sinop, no norte do estado, afirma que os profissionais fizeram o possível para salvar a paciente.
Mikaely estava internada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e aguardava por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) há quatro dias. O bebê que morreu junto com a mãe.
O pedido de transferência era urgente para uma UTI do Hospital Regional, sem vagas, o a secretaria de Saúde do município chegou a tentar uma vaga em outros hospitais até mesmo fora de Mato Grosso, mas não conseguiu,
A médica, que não quis se identificar, disse que além da UTI adulto, a paciente também precisava de uma UTI neonatal, mas não havia nenhuma disponível.
“Havia uma vaga foi quando ela começou a ter uma desestabilização. Ficamos em cima dela por duas horas, mas não tínhamos força nem de pedir para parar [de tentar salvá-la]. Fizemos de tudo”, lamentou a profissional.
A UPA onde ela estava internada não tinha a estrutura necessária para ela e nem para o bebê.
“Às vezes a gente vê a família colocando pressão dizendo ‘ele é o amor da minha vida’. A gente deixa e não vê a nossa família todos os dias. Enquanto eles têm um, a gente tem 30, 40, 50 pacientes como um todo. Só a gente sabe o que está vivendo e vendo. Teve a crise do ano passado e não se compara com o que estamos vivendo hoje”, desabafou a médica.
A fila de espera por leitos de UTI no estado é de 198 pessoas, conforme boletim divulgado pelo governo nesse sábado (3).
Na semana passada, a família de Mikaely entrou na Justiça para conseguir uma vaga na UTI, mas não foi possível a transferência por falta de vaga.
A secretaria de Saúde de Sinop disse que quadro de saúde da gestante era gravíssimo e que a equipe tentava conseguir tanto um leito de UTI pra paciente quanto um outro leito de UTI neonatal para o bebê.
Nas redes sociais, amigos e familiares de Mikaely lamentaram a morte e prestaram homenagens.
Mato Grosso registrou 12 mortes de grávidas com Covid-19, neste ano, conforme dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O aumento é de 110% em relação a 2020, que registrou 10 mortes durante todo o ano.
Desde o início da pandemia até 20 de março de 2021, foram registrados 324 casos da doença em gestantes, sendo 130 somente neste ano. Desse total, 113 precisaram de internação, sendo 37 em 2021.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) notificou, até a tarde deste domingo (4), 315.087 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, sendo registrados 7.999 óbitos em decorrência do coronavírus no estado.
Nas últimas 24 horas, foram notificadas 614 novas confirmações de casos de coronavírus e 73 mortes de Covid-19.
Dos 315.087 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, 13.719 estão em isolamento domiciliar e 291.209 estão recuperados.