O senador Carlos Fávaro (PSD) é o único de Mato Grosso a assinar pedido de instalação de uma CPI da Pandemia que investigue governadores e prefeitos. Proposta pelo parlamentar Eduardo Girão (Podemos), o requerimento é articulado pela base governista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), interessada em derrubar a investigação proposta pelo oposicionista Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que tem foco apenas nos erros do governo federal no combate à Covid-19 e do colapso no Amazonas. Wellington Fagundes (PL) e Jayme Campos (DEM) continuam a não apoiar nenhuma das CPIs.
O posicionamento de Fávaro surge após o senador questionar decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na semana passada determinou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalação da CPI da Covid, proposta por Randolfe. Na ocasião, o mato-grossense disse que não era o melhor momento para tal investigação, já que a comissão poderia se tornar palanque eleitoral.
Agora, ao acenar a Bolsonaro, Fávaro diz que a CPI é inevitável e precisa ser séria e técnica. “Que ela apure então todas as suspeitas de improbidade nas três esferas, federal, estadual e municipal. Havia um grande risco de que esta CPI se tornasse um palanque, visando as eleições de 2022. Com a ampliação do escopo da apuração, vamos ter a oportunidade de um trabalho sério, técnico, pautado apenas e tão somente na busca por informações destes casos suspeitos”.
O pedido de Girão foi apresentado em 2 de março, mas o requerimento de Randolfe conseguiu o número mínimo de 27 assinaturas primeiro, sendo protocolado antes. Agora, com 34 assinaturas na comissão pleiteada pelo amapaense, os governistas vão brigar pela instalação da CPI ampla que Bolsonaro defende.
Inconformado com a decisão do Supremo e temendo desgaste político com a investigação proposta por Randolfe, o presidente é quem tem mais pressionado o Senado a incluir governadores e prefeitos na CPI. Prova disso foi a conversa vasada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) neste domingo (11). No diálogo, Bolsonaro disse que se não mudar o objetivo da CPI, a investigação vai para cima dele. “O que tem que fazer para ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela, bota presidente da República, governadores e prefeitos”.
No requerimento apresentado, Girão ressalta que até dezembro do ano passado, ao menos 61 operações foram deflagradas pela Polícia Federal para apurar supostos crimes contra a administração pública cometidos com o intuito de desviar recursos públicos destinados ao combate à pandemia. Neste período, foram emitidos mais de mil mandados de busca e apreensão e 144 de prisão. No total, o valor dos contratos investigados é de quase R$ 2 bilhões.