Condenado a 32 anos e 10 meses de prisão por homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado, Marcelo Sales Pereira recorreu da decisão no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, reivindicando a reformulação da pena.
Em sua defesa, tentou derrubar as qualificadoras, que foram motivo torpe, uso de meio cruel e ausência de chances da defesa das vítimas, que eram a ex-esposa dele e o novo companheiro dela.
Contudo, esse caso de feminicídio, que foi registrado em 2018 em Juara (506 km de Cuiabá), estava repleto de nuances que tornaram a negativa a única resposta possível ao pedido.
Ao proclamar o seu voto, que foi acompanhado pelos demais desembargadores da 3ª Câmara Criminal nesta quarta-feira(29), Rondon Bassil Dower fez um relato do fato, dando ênfase aos pontos cruciais.
O magistrado relatou que no dia do crime, a vítima e o companheiro dela estavam deitados na cama. Então, ela ouviu um barulho estranho do lado de fora da casa.
Esperou a ex esposa com uma faca na mão
Quando levantou-se e foi em direção da porta do quarto, o agressor já a esperava com uma faca na mão. Ele deu vários golpes na mulher, que conseguiu fugir rumo ao quintal, neste momento ainda com vida.
Em seguida, ele partiu para cima do companheiro dela e deferiu vários golpes de faca. Uma ação que não deu a chance de nenhum dos agredidos se defender.
Quando viu que o homem estava caído ao chão, caminhou até a cozinha e, na porta, deu de cara com a ex-esposa, que retornou para residência na tentativa de salvar a filha, que ainda estava no interior da casa.
Neste momento, ele deu um golpe na cabeça da vítima e cortou o pescoço dela.
“A mulher tentou fugir e quando chegou no quintal, lembrou da filha. Então, voltou desesperada, nua e ferida para receber os golpes fatais”, explicou o desembargador.
Após o crime, Marcelo fugiu antes que os vizinhos chegassem. Eles conseguiram salvar a vida do homem, mas a mulher já estava morta.