Por conta dos casos de febre amarela registrados na região sudeste do país, macacos passaram a ser alvos de ataques por conta do desconhecimento de parte da população, em Cuiabá. Diante do cenário, especialistas reforçam que os primatas não transmitem a doença. Contudo, reforçam a importância de as pessoas manterem a vacina em dia. Neste ano, seis macacos encontrados mortos na capital foram recolhidos e encaminhados para exames laboratoriais. Ano passado, foram 35.
Gestora do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), Moema Blatt, afirma que os primatas se comportam como sentinelas e não têm condições de transmitir a doença. “Toda vez que casos da febre amarela ocorre em São Paulo (por exemplo), as pessoas começam a agredir e a matar macacos, que são tão vítimas como o homem. Os macacos não podem ser mortos por que servem para indicar, como um sentinela, a circulação ou não do vírus na mata. A partir daí, se faz a barreira imunológica, ou seja, a vacinação das pessoas ainda não imunizadas”, frisou.
Um dos casos de agressão ocorreu na região do CPA IV, onde um animal começou ser apedrejado por adolescentes. Machucado, o macaco foi recolhido por policiais ambientais. Já os animais removidos neste ano foram encontrados nas localidades do São Gonçalo Beira Rio, Coophema, Chácara dos Pinheiros II, UFMT e Duque do Caxias. Todos ainda aguardam resultado dos testes laboratoriais. De 2017, são da região do Sucuri e do Nova Esperança II, proximidades do Cinturão Verde. Dos 35, dois foram confirmados, quatro negativos e 17 ainda pendentes. Os demais foram considerados inviáveis para os exames.
Além de manter a vacina em dia, uma das recomendações é para que as pessoas usem repelentes, especialmente, àquelas que frequentam ou praticam atividades físicas nos parques ou áreas verdes da cidade. Um dos macacos recolhidos neste ano, no dia 12 de janeiro, encontrava-se em um desses espaços públicos. Como ainda trata-se de casos suspeito e por estratégia de vigilância, o nome da área não foi informado.
Moema Blatt explica que no momento em que é identificado um animal morto, imediatamente uma equipe da Unidade de Vigilância em Zoonoses juntamente com Vigilância Epidemiológica vai até o local, para fazer um trabalho de verificação da situação vacinal das pessoas da região. “Os macacos recolhidos são mandados para serem examinados em um laboratório no Pará, mas mesmo antes de recebermos os resultados fazemos um trabalho de orientação para que as pessoas busquem a unidade de saúde de sua abrangência para que regularizem o seu cartão de vacinas”, reforçou.
A gestora afirma ainda que a população não precisa ficar receosa. “Uma única dose da vacina, seja em qualquer momento da vida, já é suficiente para ficar imunizado contra a febre amarela sem necessidade de reforço. Como faz parte do calendário vacinal da criança, e por estarmos em área de risco, há muitos anos a vacina da febre amarela faz parte do cotidiano dos cuiabanos”, disse. “A febre amarela é transmitida por mosquito infectado e não pelo macaco. Ele é tão vítima da doença como o homem. Portanto, não maltrate ou mate os macacos, pois eles ajudam a proteger a saúde humana”, completou.
As autoridades em saúde reforçam também que o vetor a ser combatido é o mosquito Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus da febre amarela urbana, mas também da dengue, da zika e da chicungunya. Vale reforçar que especialistas garantem que a doença não chegou aos centros urbanos. Os casos da doença registrados no país são do tipo silvestres, transmitidos por mosquitos (Haemagogus e o Sabethes) que vivem nas matas e beira de rios.