A mãe dos gêmeos siameses que dividiam o mesmo coração e morreram 12 horas após o parto, na sexta-feira (18), em Cuiabá, recebeu alta nesse domingo (20), e agora está fazendo acompanhamento psicológico. Os bebês também foram enterrados no domingo na presença da família.
Arlete do Nascimento Pinheiro, de 22 anos, contou ao G1 que está se recuperando em casa, e que agora faz planos para voltar à vida que tinha antes da gravidez.
“Nesse momento, tudo que quero é me recuperar, passar esses dias mais quieta para depois voltar a trabalhar. Quero comprar minha casa, meu carro, voltar à faculdade, quero voltar a viver e deixar as coisas acontecerem naturalmente”, disse.
A jovem disse que também continuará com o acompanhamento médico para se recuperar fisicamente e planejar a próxima gravidez.
“Daqui um tempo pretendo tentar ser mãe mais uma vez, mas antes quero ter certeza que vai ta tudo certinho”, contou.
Arlete morava no Acre com a família. Há dois anos, eles se mudaram para o Mato Grosso, em busca de uma vida melhor. Aumentar a família era o sonho da filha dela, de 6 anos, que sempre pediu mais um irmão.
“Meu esposo explicou para ela que os irmãozinhos não viriam para casa, pois foram morar com papai do céu. Ela entendeu muito bem, não ficou fazendo muitas perguntas. Acho que ela conseguiu processar melhor do que nós”, contou.
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A jovem era acompanhada por dois médicos desde o início da gravidez. Cada um dos meninos tinham seus rins, o estômago, bexiga, mas o principal eles dividiam, que é o coração. Por causa disso, o médico já havia informado que não seria possível fazer a cirurgia de separação.
Os bebês nasceram na sexta-feira (18), ao 7 meses, no Hospital Júlio Müller. Imediatamente, eles precisaram ser reanimados e chegaram a ser transferidos para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI), mas sofreram três paradas cardíacas.
De acordo com o hospital, eles morreram por compartilharem um único coração, o que impossibilitou a sobrevida, apesar de todos os esforços das equipes médicas.
O primeiro caso de atendimento a gestação de gêmeos siameses no Hospital Júlio Mûller ocorreu em 1997 e em 2010, houve o primeiro nascimento bem-sucedido de duas meninas, que puderam ser separadas com sucesso.
Gêmeos siameses são um fenômeno raro. Estima-se que haja um caso para cada 200 mil nascimentos. Em 40% a 60% destes casos, os bebês chegam natimortos.
Por ano, apenas algumas separações são realizadas no mundo.