A situação da mortandade de peixes no Lago de Manso vai além do divulgado recentemente, que foi da perda de 40 toneladas de pescado na última semana. Conforme empresários que usam o espaço para criar peixes, apenas em um condomínio rural a perda foi de 90 toneladas.
O motivo não é devastação ambiental ou poluição química, mas sim a inversão térmica causada pela baixa temperatura dos últimos dias na região metropolitana e o baixo volume de água na região. Segundo o presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, atualmente Manso está com apenas 26% do volume de água que comporta o local. "Isso vai piorar ano a ano se nada for feito. Vamos perder mais peixes e empresários vão à falência", comentou Francisco, durante audiência pública na Assembleia Legislativa.
A sessão foi presidida pelo deputado Wilson Santos (PSDB) com a participação do presidente da Comissão de Meio Ambiente, Carlos Avalone (PSDB), Allan Kardec (PDT) e Lúdio Cabral (PT). Uma das participantes da audiência foi a doutora em piscicultura e técnica da Embrapa, Debora Fernandes. Ela confirmou que o motivo da mortandade é algo que acontece não só em Mato Grosso, mas em estados que têm temperaturas altas e de uma hora para outra apresentam uma queda brusca, que é sentida pelas espécies de peixes. "A inversão de temperatura causa sim isso", frisou.
Furnas
Os representantes de Furnas, que é a responsável pela represa e Hidrelétrica de Manso, disseram que estão fazendo um trabalho de pesquisa in loco no Lago, que fica em Chapada dos Guimarães. E, segundo o gerente do departamento de produção de Manso, Ramon Carvalho, não houve morte de peixes criados em espaços naturais, mas sim dos que são criados em cativeiros. "Fizemos um trabalho, estávamos em campo, não teve mortandandade de peixe no ambiente natural, apenas em represas particulares", comentou.
O doutor em engenharia química, Cássio Soares, que monitora a área desde que era Rio Casca, Quilombo e Cuiabá, disse que conhece o espaço como seu filho e confirmou que a usina é operada remotamente e quem decide a vazão de água é o operador nacional, que fica em Brasília e não em Manso.
"A gente não pode atribuir o nível do reservatório a integralidade de nenhum tipo de evento que causou mortandade de peixes. E sim, a frente fria pode causar isso sim. Já houve isso em outros anos. Em 2021, no dia 30 de junho, foi registrado a menor temperatura da história, sete graus. A mortandade de peixes foi resultado de todo esse frio. No dia 5 de julho, é a integral, ou resultado de tudo que ocorreu antes", disse o doutor na audiência.
Cássio explica que além da falta de oxigênio, a baixa temperatura também mata peixe. Inclusive, porque os locais onde estão as pisciculturas que tiveram perdas, são pontos que a temperatura teve baixa por mais tempo. "Isso é metodologia. É estudo. Estivemos em campo vendo isso. Monitoramos isso sempre. Infelizmente as temperaturas foram atípicas. Se o volume da água tivesse dois metros acima, o resultado seria o mesmo", concluiu.