Há mais de uma semana, o empresário Jarcedi Hahn passa os dias em frente ao Hospital Metropolitano, em Várzea Grande (MT), onde a mulher que está internada com Covid-19. Cristiane Fagundes Hahn foi infectada há duas semanas. O quadro se agravou e ela está na UTI desde o dia 11.
Todos os dias pela manhã Jarcedi, que mora em Sapezal, município a 473 km de Cuiabá, e que está na capital para acompanhar a mulher, mesmo que à distância, vai ao gramado do hospital. Em uma cadeira de praia, ele toma chimarrão. Ao lado dele, há uma cadeira que pertence a mulher.
"Toda manhã a gente levanta cedo antes de trabalhar e fazer algum serviço da casa e senta para tomar um chimarrão, conversamos sobre o dia, o que vai ser feito, planejamos algumas coisas e essa cadeira é para representá-la", contou.
Há duas semanas ela foi diagnosticada com o novo coronavírus e hospitalizada, inicialmente numa unidade de saúde do município. No último domingo (11), foi transferida para o hospital Metropolitano em Várzea Grande.
Desde então o local onde o casal tomava chimarrão mudou temporariamente.
"É uma forma de lembrar dela, eu sinto que ela está aqui, vou deixar a cadeira vazia até o dia em que ela e voltar a sentar aqui para tomar um chimarrão", disse.
O Hospital Metropolitano é referência para o tratamento da Covid-19 desde o começo da pandemia. Hoje, são 109 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pactuados com o estado e, segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a taxa de ocupação desses leitos está próxima de 80%.
O casal tem três filhos.
"Ela está sendo bem cuidada pelos boletins dos médicos, mas a gente se sente impotente, não tem o que fazer é só esperar e confiar em deus e nos médicos, eles estão fazendo a parte deles, mas é uma doença muito traiçoeira", contou.
Jarcedi espera que Cristiane deixe o hospital curada. Para ele, a pandemia vai deixar uma lição.
"Essa pandemia vai passar, vai deixar um rastro de distribuição e um de amor ao mesmo tempo porque está unindo as famílias, porque as pessoas estão dando valor ao outro. A saúde pública vai melhorar muito porque vai estar muito bem equipada e que os governantes não deixem destruir o que estão montando agora", disse.