Uma audiência pública realizada na última segunda-feira (30) em Cáceres, com o tema ‘Violência contra a mulher’, foi invadida por hackers, que usando imagens do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transmitiram filmes e imagens pornográficas e fizeram ataques machistas e misóginos.
No início da audiência estavam on-line a vereadora Mazeh Silva (PT), a Deputa Federal Rosa Neide (PT), o vereador Cézare Pastorello (SD), e os convidados e convidadas dos coletivos e representações. Segundo Rosa Neide, após o início dos ataques os presentes saíram da sala virtual e esperaram meia hora para recomeçar o encontro.
A deputada explicou que um Boletim de Ocorrência já foi lavrado, mas ainda não há informações sobre os responsáveis. Ela também contou ao Olhar Direto que esta não foi a primeira vez que uma situação semelhante aconteceu.
“Eu também estava numa reunião há três meses, em Juína, e acontece a mesma coisa e o tema era o mesmo. Estávamos discutindo os direitos das mulheres e os dados da violência em Mato Grosso, Brasil e em todo o mundo, e em Cáceres a mesma coisa. Mato Grosso é o primeiro no ranking da violência, e a gente vive num estado machista, conservador, que não conseguiu romper essa barreira de respeitar as mulheres”, lamentou.
“Parece que a discussão sobre os direitos das mulheres, sobre a violência, agride alguns homens e aí o ataque é frontal. Não posso afirmar porque ainda está em investigação, mas dá impressão que o problema é o tema mesmo”, completou.
Na reunião de Cáceres, em uma ação sincronizada, os invasores entraram de uma vez, e um dos áudios dizia que "mulher é depósito de porra", "já pode votar, já pode trabalhar e ainda quer gozar", dentre outras frases sexistas.
"Estávamos aguardando para dar início a Audiência Pública e enquanto ajustávamos o som, pedi que um participante de nome Pedro desligasse o microfone, começaram os xingamentos, dizendo que na casa dele ninguém gostava de mim, que eu era vagabunda, daí chegaram todos juntos, e a Deputada Rosa Neide disse para sairmos todas da sala. Esses ataques acontecem para intimidar Mulheres organizadas que buscam empoderar as outras, e lutam por uma sociedade mais justa e igualitária." Disse a vereadora Mazéh, condutora da audiência. A vereadora disse ainda que ficou assustada naquele momento, principalmente por se tratar do encerramento do Agosto Lilás.
O vereador Pastorello diz que na hora em que ouviu os áudios até pensou que se tratava de alguma apresentação, de algum tipo de exemplo de misoginia que ainda há no país e que após seria falado algo. Daí que percebeu que se tratava de uma invasão. O vereador ainda chegou a iniciar a transmissão da audiência na sua página, mas com a interrupção retirou do ar, e guardou a parte do vídeo para futuras providências.