Um plano de saúde de Cuiabá cobrou quase R$ 40 mil em coparticipação dos pais que possuem filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com os pais, com base em uma liminar da Justiça, o plano precisa oferecer o tratamento adequado para essas crianças. Eles criaram um grupo para tentar resolver a situação sem que o plano seja cortado ou cobre valores extras.
Em nota, a Unimed informou que a coparticipação em consultas está previsto nos contratos.
"A Cooperativa está encaminhando a cobrança dos beneficiários que fizeram uso do plano para terapias sem o devido pagamento das coparticipações. Em conformidade com os princípios da gestão, a Unimed Cuiabá está procedendo estritamente segundo a legislação que prevê prazo prescricional de cinco anos. Além disso, abriu canal de negociação específico para os clientes que preferirem o parcelamento do débito".
A advogada Mayara Cintra Rosa é mãe do Davi Rosa Franco, de 4 anos. Ela contou que possui um laudo médico onde diz ser necessário que Davi faça terapias com psicóloga, fonoaudióloga, musicoterapia, equoterapia e terapia ocupacional.
Quando decidiu buscar um plano de saúde, segundo ela, foi informada que esse tratamento não estava incluído e não possuíam profissionais com a técnica ABA, o recomendado para Davi.
Há um ano, ela entrou na Justiça para conseguir esses tratamentos e ganhou. Em setembro, ela ficou sabendo que alguns pais estavam recebendo um boleto de cobrança sobre a coparticipação das terapias.
Ela recebeu um boleto no valor de mais de R$ 18 mil em coparticipação referentes aos meses de junho, julho e agosto. Outros pais que fazem parte do grupo relataram que as cobranças já chegaram a quase R$ 40 mil.
"Possuo liminar há mais de um ano e nunca paguei. Os pais não possuem condições de arcar com os valores cobrados, então resolvemos se unir e tentar solucionar, junto ao plano de saúde a melhor maneira de não se tornar inadimplente com o plano e continuar o tratamento dos nossos filhos", contou.
De acordo com a advogada, por se tratar de TEA e várias horas de tratamento, a coparticipação não pode ser excessiva.
"Nós pais tínhamos com essa liminar a salvação dos nossos filhos e é por meio dela que nossos filhos podem evoluir e assim chegar o mais próximo da normalidade. Agora com esses valores, muitos não conseguem pagar, e assim não vão terão acesso ao tratamento. Acho que essa atitude é desastrosa e muito desumana", disse.
O advogado Samuel Sampaio também está passando pela mesma situação. Ele tem dois filhos com autismo e recebeu uma cobrança de R$ 16 mil em coparticipação.
"Os tratamentos são vitais, a evolução das crianças é sensacional, meus filhos já falam, são independentes, conseguem se comunicar, mas isso só se deu através de muita terapia. O tratamento é vital e necessário", contou.