O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou à Justiça, nesta sexta-feira (10), o ex-marido da empresária Indiana Geraldo Tardett, de 42 anos, assassinada no em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, no dia 31 de maio deste ano, e de outras duas pessoas apontados como executores do feminicídio.
A ação tramita na 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Lucas do Rio Verde.
De acordo com o MP, o ex da vítima foi o mandante do crime. Ele os dois executores, um homem e uma mulher, responderão ainda por fraude processual, em razão de terem alterado a cena do crime para indicar que fosse suicídio.
Indiana mantinha união estável com o suspeito desde 2016 e eram sócios em uma empresa no ramo de manutenção de aeronaves, em que ela era responsável pela parte financeira e ele pela parte operacional.
Segundo o Ministério Público, nos dias que antecederam os crimes, o casal, que já tinha um relacionamento conturbado e marcado por traições, iniciou processo de separação. Por considerar-se o único proprietário da empresa regida por ambos e único detentor de todos os direitos concernentes ao negócio, o marido queria se livrar da mulher para não precisar dividir os bens.
Assim, ele entrou em contato com um sacerdote do candomblé , que conhecia o casal há alguns anos e prestava auxílio espiritual a eles, e contou sobre a separação. Segundo o MP, ele disse ao amigo do casal que "não só era preciso desamarrar a relação, mas sim “colocar Indiana no caldeirão do satanás”.
Conforme a investigação, após o pedido do marido de Indiana, o sacerdote pediu apoio a uma colega, que também conhecia a vítima, para executar o crime. Entre os dias 30 e 31 de maio deste ano, com o pretexto de que a ajudariam a reatar o relacionamento, ele entraram na casa dela e a assassinaram.
“Já no interior do imóvel, os denunciados, visando ocultar o propósito homicida, iniciaram a dissimulação de um ritual, orientando que a vítima permanecesse de joelhos, em cima de um lençol branco, em um dos quartos da residência, enquanto os dois iniciavam, fraudulentamente, o processo ritualístico”, narra a denúncia.
O MP relata na ação que o sacerdote desferiu o primeiro golpe na cabeça da vítima, com um facão artesanal de aproximadamente 1,1 kg, deixando a vítima desacordada para depois golpear a lateral direita do pescoço e próximo ao punho direito.
“Em seguida, visando impossibilitar a correta aplicação da lei, notadamente para em um primeiro momento ludibriar os peritos criminais e, consequentemente, o juiz criminal competente para análise do caso, os denunciados, com a ciência do mandante do delito, modificaram o lugar do crime, cobrindo a vítima com um cobertor branco, além de deixar o facão na mão direita da ofendida, tentando simular a ocorrência de um suicídio”, diz o MP na narração da denúncia.
De acordo com a Polícia Civil, a filha da vítima encontrou a mãe desacordada e pediu socorro informando que estava sem contato com a mãe desde sábado (29).
O corpo da vítima foi localizado no quarto, com o lado direito ensanguentado, com a cabeça coberta, segurando uma faca, e com o pulso da mão direita cortada.
No dia 27 de maio, a vítima registrou um boletim de ocorrência contra o ex por ameaças. NO mesmo dia, Indiana entrou com um pedido de medida protetiva contra ele.
No entanto, quatro dias depois, ela foi assassinada a mando do ex-marido.
O ex-marido de Indiana, de 48 anos, foi preso no dia 30 de junho deste ano, em Lucas do Rio Verde. Ele se apresentou na delegacia, foi ouvido pelo delegado Eugênio Rudy Junior e depois foi formalizado o mandado de prisão dele.
Na mesma semana, uma mulher, apontado como executora, foi presa. Já o sacerdote foi preso dia 6 de julho.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito se apresentou na delegacia, onde foi cumprida a prisão temporária decretada pela Justiça no curso da investigação do feminicídio. Ele estava foragido, escondido desde a decretação da prisão na cidade de Campinas (SP).