A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta segunda-feira (25), mandados de busca e apreensão na quinta fase da Operação Overload, que apura o tráfico internacional de drogas a partir do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Segundo a corporação, o foco desta fase está centrado em crimes de lavagem de dinheiro praticados por um dos investigados e familiares dele.
No total, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão, sendo cinco em Mato Grosso e dois em São Paulo. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal em Campinas. A fase recebeu o nome de Lavaggio II. A operação Overload foi deflagrada no dia 6 de outubro de 2020 e revelou um complexo esquema de tráfico por Viracopos. Na ocasião, 32 pessoas foram presas.
De acordo com a Polícia Federal, a família, que mora em Mato Grosso, utilizava a logística do Aeroporto de Viracopos para enviar remessas de grande quantidade de drogas para a Europa. A corporação inclusive já identificou movimentações financeira incompatíveis com a renda declarada, além da compra de joias, relógios, carros de luxo, apartamentos, empreendimentos imobiliários e uma fazenda.
A investigação tenta aprofundar as apurações sobre os crimes de lavagem de dinheiro e identificar, além de bens adquiridos com dinheiro ilícito da quadrilha, outros envolvidos que tenham autorizado o uso de seus nomes para ocultar o esquema. Uma pessoa também foi presa nesta segunda-feira (25) em um mandado derivado da operação Ake - a 2ª fase da Overload.
Os outros desdobramentos da Overload foram as operações Ake, Lavaggio e Airline, que deram seguimento às investigações. No total, 27 pessoas estão presas. Quatro dos investigados estão foragidos.
No dia 6 de julho deste ano, a operação Airline prendeu 15 pessoas - 14 delas já haviam sido presas na data da operação Overload. À época, a corporação informou que a organização criminosa foi totalmente desarticulada. Entre os alvos dos mandados de prisão, estava um policial militar e um policial civil.
A Airline teve início a partir da análise de documentos e informações de 10 mil páginas de inquérito, obtidos durante a Operação Overload. De acordo com a investigação, concluiu-se que existe "um corpo robusto" para a prática de tráfico internacional de drogas, incluindo também o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
No dia 10 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Lavaggio. O objetivo era cumprir mandados contra crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens obtidos com lucros do tráfico internacional de drogas praticado no Aeroporto de Viracopos. O valor aproximado do congelamento dos bens era de R$ 3 milhões.
De acordo com a PF, o suspeito, que era um dos responsáveis por enviar a droga do Aeroporto de Viracopos para a Europa, cometeu pelo menos 20 atos de lavagem de dinheiro, entre eles alienações de veículos, compras de casas, chácaras e apartamentos, envolvendo familiares, terceiros e pessoas jurídicas que não tinham renda compatível com as transações.
A operação Ake, no dia 3 de dezembro de 2020, prendeu sete investigados que haviam sido soltos após a operação Overload.
Na data da operação, além dos 32 suspeitos detidos, dois morreram. Acesso a informações privilegiadas do esquema de segurança, ameaça a funcionários e transporte de drogas por trator, palets, malas e até com veículo de entrega de comida estavam entre os métodos de atuação da quadrilha revelados por investigadores da PF.
Viracopos, atualmente, é o maior terminal do país em volume de cargas movimentadas por via aérea e registra neste ano recorde nos indicadores, apesar dos reflexos gerados pela pandemia. Na ocasião, a concessionária do terminal destacou que colabora com as investigações sobre o caso.
Segundo a PF, a quadrilha é formada por brasileiros que ficavam responsáveis pelo fornecimento de cocaína que seria levada para a Europa. Além disso, o grupo aliciou funcionários que atuavam no aeroporto para que interferissem a favor da quadrilha nas atividades de logística do terminal.
Ainda de acordo com a investigação, entre os funcionários e ex-funcionários terceirizados de Viracopos que atuam com a quadrilha estão vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros, que eram os responsáveis pelo esquema de embarque das drogas nas aeronaves com destino ao exterior.