Informações divulgadas em decisão do juiz Federal Jeferson Schneider, da Quinta Vara em Mato Grosso, que gerou mandado de prisão na Operação Cupincha, apontam que despesas pessoais do ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, foram pagas pela empresa Ventura Prestadora de Serviços Médicos. Célio Rodrigues foi preso e está no Centro de Custódia da Capital (CCC).
Conforme a Polícia Federal (PF), foi possível identificar pagamento de condomínio de imóvel residencial, despesas de uma lancha na Marina Morro do Chapéu, lago do Manso, pagamentos de IPTU e pagamentos de um contrato de compra e venda de imóvel.
Apesar de não ter contratos firmados com o setor público, há suspeita de que a Ventura tenha sido subcontratada pela empresa Ultramed Serviços Médicos, apontada como parte de um esquema na Saúde. Entre os anos de 2019, 2020 e 2021, a Prefeitura de Cuiabá pagou R$ 22 milhões à Ultramed.
Formalmente, a Ventura é de propriedade de Liandro Ventura da Silva, apontado como “assistente” de Célio. Informações sobre pagamentos de despesas pessoais foram reveladas a partir do aparelho celular do ex-secretário de Saúde, apreendido durante operação policial. Autoridade, analisando os dados, apontou ainda a compra de passagens para uma viagem ao Rio de Janeiro.
A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (28) a Operação Cupincha, segunda fase da Operação Curare. Grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando à dissimulação dos eventuais beneficiários.
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da Operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de contratos administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado.