Nabila Lotufo Bussiki, 30 anos, não resistiu a batalha contra uma doença rara e morreu na última terça-feira (30), em Cuiabá. Ela morava na capital mato-grossense, onde nasceu e convivia com uma doença degenerativa chamada de Machado-Joseph. Esta é a mesma patologia que vitimou o ator da Globo, Guilherme Karan, em 2016.
Nabila lutava contra a doença há 12 anos, mas no fim da tarde da última terça-feira não resistiu à guerra travada contra a síndrome. A tia dela, Cybelle Bussiki, fez uma postagem em seu Facebook. “Hoje, Deus quis de volta para sua morada nossa doce Nabila (...) A Deus, peço que lhe dê o descanso eterno e brilhe para ela a vossa Luz! Descanse em paz, Bila”.
O ator Guilherme Karan faleceu em 2016 vítima da mesma doença. Karam fez muito sucesso no final dos anos 80 como um dos humoristas fundadores da “TV Pirata”, da Rede Globo. Muitos também se lembram dele como o vilão do filme “Super Xuxa Contra o Baixo Astral”. Karan tinha 58 anos e esteve internado no último biênio por conta da síndrome.
A síndrome normalmente se manifesta em adultos com idade entre 35 e 50 anos, atacando principalmente os homens. A doença é crônica hereditária, com chances de até 50% de passar de pai para filho se um dos progenitores for heterozigoto para a doença. Ela leva este nome devido a William Machado e Antone Joseph, imigrantes açorianos que moravam em Massachusetts, nos EUA, e foram os primeiros pacientes estudados com a doença.
A síndrome de Machado-Joseph também é chamada de ataxia espinocerebelar do tipo 3 (SCA 3) e atinge, em média, 3 a cada 100 mil pessoas do mundo. Ela é causada pela expansão de um trinucleotídeo CAG presente em cada célula nucleada do indivíduo, afetando a produção da proteína ataxina 3. Nas células do sistema nervoso, essa deformidade leva à degeneração, podendo atrofiar o cerebelo, o tronco cerebral, a medula, os nervos periféricos e o núcleo da base cerebral.
A doença é gradual e afeta as funções corporais pouco a pouco. No começo, o equilíbrio e a coordenação motora são os principais afetados. Com o avanço da degeneração, sintomas como alterações na fala, dificuldades para engolir, visão dupla e parkinsionismo podem aparecer.
Ela pode ser diagnosticada através de um exame de sangue que aponte a expansão do trinucleotídeo ou também a partir de uma ressonância que mostre a atrofia de regiões do cérebro. Para piorar, a doença ainda não tem cura nem tratamento específico, e os médicos tentando controlá-la apenas através do alívio dos sintomas apresentados pelo paciente.
Corrigida às 14h59.