Lá se vão dois meses desde que as compras de carne bovina foram suspensas pela China após dois casos de vaca louca serem identificados em Mato Grosso e Minas Gerais. O país asiático é o maior comprador do Brasil e já embarcou mais de 109 mil toneladas.
Mato Grosso tem na China seu principal comprador de carne bovina. Levantamento do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) aponta que a perda de receita chega próximo de 90% em outubro no comparativo com a receita de setembro, caindo de US$ 153,49 milhões para US $ 18,13 milhões.
Em Tangará da Serra, a 242 Km de Cuiabá, o pecuarista Francisco Clemente contou como está enfrentando este cenário.
“Começou a cair a arroba, mas ninguém esperava que fosse cair tanto como caiu. Tentamos segurar um pouco para ver se voltava a exportação, mas não conseguimos. A estratégia é baratear o custo no máximo para tentar manter o gado na propriedade.
O custo médio é de R$ 7,85 a diária de um animal. Vai aumentar o custo da produção pela quantidade de dias que estão no pasto, até porque os frigoríficos não têm escala para abater esse gado. Se tivesse, teríamos abatido, até porque quanto mais se segura, mais prejuízo dá”, explicou.
Apesar da queda no preço da arroba, nos supermercados e açougues o valor da proteína não apresentou redução significativa de preço. Boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que a arroba do boi gordo em outubro desvalorizou 14,6% em relação a setembro.
O preço do bezerro também começa a sentir os impactos da saída da China do mercado. Na primeira semana de novembro o preço médio do bezerro de 12 meses foi de R$ 2.835, 15% a menos que o registrado há um mês, R$ 3.032.
“Eu acho que se a gente tivesse abaixado nos mercados algo em torno de 25%, também como abaixou para gente, teria um consumo maior. Nós estamos muito na expectativa da exportação, mas estamos esquecendo do nosso mercado interno”, completou Francisco.
O Ministério da Agricultura está em tratativas com a China para recuperar a exportação, sob o argumento de que as análises da carne mato-grossense e mineira confirmaram casos atípicos para a doença e não representam risco para a saúde humana. No entanto, o país asiático ainda não se posicionou até esta quarta-feira (10/11).