Os policiais penais de Juara, decidiram na tarde desta quinta-feira (16), aderir a greve após a categoria ter a proposta de aumento salarial reprovada pelo governo do Estado. Com isso, as visitas para os presos ficaram suspensas por tempo indeterminado na cidade e em mais 63 penitenciárias.
Em entrevista exclusiva com equipe de reportagem do Grupo Amplitude, o policial penal da cadeia púbica de Juara, Geovan Venâncio, explicou quais serão os reflexos da paralisação na vida dos reeducandos.
"Nós estamos reivindicando nossa valorização salarial. Como a nossa proposta não foi aceita pelo governador, nós estamos iniciando uma paralização. Com isso, os reeducandos não terão direito de visitas, banho de sol, e o recebimento de alimentação fornecida pelos familiares. Durante esse período, também serão suspensos os atendimentos com advogados. Os serviços mantidos serão apenas dos médicos, em caso de urgência, e alvarás de soltura", afirmou.
Durante as negociações, o governo propôs 15% de aumento aos servidores. No entanto, o acordo foi recusado pela categoria, que aponta que a porcentagem é "insignificante" diante dos reajustes que foram não concedidos ao longo dos últimos 9 anos.
"Nós estivemos na Casa Civil, mas a categoria deliberou pela greve uma vez que a proposta foi insignificante diante da defasagem salarial que a gente está sofrendo. Existem uma série de fatores, mas o nosso salário já tem cerca de 9 anos sem ser corrigido. Para reparar o que perdemos, isso geraria uma porcentagem de 80% dentro da tabela que a gente já tem", disse o presidente do sindicato.
A categoria apresentou ao governo uma proposta de aumento de salários para os diferentes níveis e classes da carreira. Com a negativa da gestão, os policiais penais não ficaram satisfeitos e decidiram ameaçar a greve. "Se a gente pegar a Polícia Judiciária Civil e comparar com o nosso é possível ver a defasagem que a gente tem. Nós gostaríamos que esse número melhorasse. Toda a proposta que está sendo ofertada na mesa a gente está levando para categoria deliberar. No entanto, esse percentual ofertado pelo Estado não condiz com a nossa realidade", complementou.
Sem visitas
Com a deflagração da greve, serão suspensos os serviços sociais e de escolta, visitas, atendimento aos advogados e todas as atividades externas. Segundo o presidente do Sindspen, só serão mantidos as atividades essenciais para manter a segurança e o funcionamento do presídios. "Todas as atividades não essenciais ficarão suspensas enquanto não houver um acordo com o governo", disse.
Embate
Na última semana, o governador Mauro Mendes (DEM) criticou a postura dos policiais penais ao comentar sobre o indicativo de greve, que já havia sido anunciado pelos servidores. Em entrevista à imprensa no Palácio Paiaguás, o chefe do Executivo alertou que pretende acionar o Judiciário caso a decisão seja mantida.
"Eu sou um cara que procuro aplicar a legislação vigente. A greve já possui enormes pronunciamentos jurídicos do Supremo Tribunal Federal a respeito. Então tenha a certeza que o Estado de Mato Grosso vai aplicar aquilo que já existe em decisão em todos os tribunais", disse Mendes na última quinta-feira (9).