Além de São Paulo, o Distrito Federal e outras 12 capitais anunciaram o cancelamento do Carnaval de rua 2022. São elas: Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, Recife, Fortaleza, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, São Luís, Belém, Maceió e Belo Horizonte.
Nesta quinta-feira (6), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), cancelou a festividade em decorrência do crescimento dos casos de Covid-19 no município, mas manteve os desfiles das escolas de samba no Sambódromo do Anhembi, que devem ocorrer nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro. No entanto, eles só poderão ser realizados se a Liga aceitar os protocolos sanitários.
Nesta quarta (5), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a decisão sobre o Carnaval cabia às prefeituras, mas se posicionou contrário à realização: "Não é o momento para aglomerações dessa ordem. Portanto, a recomendação é evitar [isso] que aconteça".
João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê Científico do Estado, disse considerar "impensável manter o Carnaval [de rua] nestas condições". Ele afirmou: "Mesmo o Carnaval de desfile, nós temos de ter uma preocupação, porque essas pessoas, para chegar ao local de desfile, vão se aglomerar no transporte coletivo, vai ter aglomeração na entrada, na saída. E isso sempre é um risco".
Já o prefeito de Olinda, Professor Lupércio (Solidariedade), disse ao Estadão que seria uma "irresponsabilidade muito grande" promover festividades públicas neste momento, uma vez que a cidade recebe, em média, 4 milhões de foliões de cerca de 80 países.
"Eu sempre disse que nós estávamos preparados para realizar o Carnaval da nossa cidade em 2022 desde que as condições por conta da pandemia fossem favoráveis. No entanto, o cenário pandêmico não nos permite fazer este que é o maior Carnaval do mundo", ressaltou.
A lista de cancelamentos em São Paulo inclui blocos de artistas e produtores famosos, como Pipoca da Rainha (Daniela Mercury), Bloco do Alok, Bloco do Abrava (Tiago Abravanel) e Bloco do Kondzilla (ligado ao funk).
A Prefeitura de São Paulo havia autorizado 696 desfiles para o Carnaval de rua 2022, segundo balanço municipal de 30 de dezembro. O número não incluía os blocos que pediram o cancelamento e os 23 suspensos por não enviarem todos os dados exigidos.
O Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval de São Paulo, que representa 195 agremiações, a Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, integrada por cerca de 60 blocos, e a Ubcresp (União dos Blocos de Carnaval do Estado de São Paulo) já haviam se manifestado contrários à realização dos desfiles.
Para os grupos, a retomada de ensaios no fim de 2021 demonstrou ser inviável a manutenção do Carnaval, pois parte dos blocos registrou casos de coronavírus entre integrantes nos eventos, mesmo restritos para algumas dezenas de participantes e com o uso de máscara e imunizados.
Coordenadora da Comissão Feminina e integrante de três blocos, Thais Haliski conta ter pego Covid-19 pela primeira vez em dezembro, possivelmente em um ensaio, situação semelhante que percebeu entre outras pessoas no meio. "O Carnaval se mostrou totalmente inviável com a chegada da Ômicron", argumenta. "Se em ambientes controlados, como os ensaios, não é possível, imagina em um ambiente em que é só comprovar que tomou a vacina (sem uso obrigatório de máscara)?"