Após a decisão da Prefeitura de São Paulo de cancelar o Carnaval de rua em decorrência do aumento do número de casos de Covid-19 na cidade, a Liga das Escolas de Samba disse que acatará as recomendações das autoridades de saúde para que o desfile das escolas não represente riscos de disseminação da doença.
"Recebemos, nesta quinta-feira (6), a decisão da prefeitura sobre a realização dos desfiles das escolas de samba de São Paulo em 2022. Aguardaremos a reunião para a definição de protocolos anti-Covid-19, mas queremos, de antemão, manifestar nossa completa disposição em acatar toda e qualquer recomendação das autoridades de saúde para um Carnaval SP 2022 seguro, como tem sido feito desde o início da pandemia, em março de 2020", afirmou o órgão por meio de nota.
Segundo a Liga, as quadras das escolas de samba em São Paulo permaneceram fechadas durante toda a crise sanitária, abrindo para receber pessoas apenas quando os avanços do Plano São Paulo permitiram.
Durante os períodos de regras mais rígidas na quarentena, as sedes das agremiações, explica o órgão, funcionaram exclusivamente para ações em favor de pessoas em situação de vulnerabilidade e famílias economicamente afetadas pela pandemia, com doações de marmitas, roupas, cobertores, itens de higiene, cestas básicas, máscaras e álcool em gel.
Nesse período, manifeções artísticas ocorreram no sambódromo do Anhembi, carreatas de doações de cestas básicas e iniciativas para arrecadar alimentos e produtos de higiene para os profissionais do Carnaval paulistano também aconteceram.
A Liga disse ainda que ensaios com a comunidade presente começaram a se realizar em novembro de 2021, momento em que o plano de retomada econômica do estado permitiu eventos sem restrição de público e horário, mas com uso obrigatório de máscara cobrindo nariz e boca e apresentação de comprovante do esquema vacinal completo.
"É seguindo os protocolos anti-Covid-19 vigentes na capital que o Carnaval paulistano tem se preparado para o evento no sambódromo do Anhembi, em fevereiro de 2022."
"Para que os desfiles das escolas de samba de São Paulo aconteçam de forma grandiosa, como tem sido nos últimos anos, o nosso principal recurso é humano. Sendo assim, a prioridade da Liga-SP, enquanto organizadora do espetáculo das agremiações na passarela do samba, sempre foi e continuará sendo preservar vidas e garantir um ambiente seguro para os profissionais do Carnaval e para os sambistas, seja na pista de desfile, seja nas arquibancadas do Anhembi."
O órgão afirmou que manterá o compromisso com as autoridades paulistanas no enfrentamento da Covid-19 e respeitará as recomendações das entidades de saúde para a realização do Carnaval SP 2022.
No fim da manhã desta quinta-feira (6), a Prefeitura de São Paulo cancelou o Carnaval de rua na cidade. O anúncio foi feito pelo prefeito Ricardo Nunes. Segundo ele, a decisão foi baseada em dados técnicos da Secretaria Municipal da Saúde, que apontaram um aumento considerável do número de novos casos de pacientes com alguma síndrome gripal na cidade
Apesar do cancelamento, os desfiles das escolas de samba serão tema de discussão entre representantes da prefeitura e da Liga das Escola de Samba para definição de protocolos a serem seguidos.
Para o prefeito, a decisão de não permitir as folias de rua foi tomada com prevalecimento da orientação das autoridades de saúde. "Demonstramos total transparência no anúncio do cancelamento com a apresentação dos dados preocupantes do cenário epidemiológico na cidade. Existia uma proposta de fazer um Carnaval controlado com o passaporte da vacina em ambientes grandes e abertos como o autódromo, mas também está descartada essa possibilidade."
"Do ponto de vista legal, não existe nenhuma implicação. Em toda aprovação e publicação dos blocos foi deixado claro que a realização das atividades estava condicionada à autorização da Vigilância Sanitária. Em todo momento a gente reforçou isso. O patrocinador não depositou o recurso", explicou o secretário das Subprefeituras, Alexandre Modonezi.
Para a realização dos desfiles das escolas de samba serão elaborados protocolos sanitários em conjunto com a Liga das Escolas de Samba. "Vamos construir um protocolo como construímos com outras atividades. Acabamos de fazer um para a São Silvestre e ela foi coberta de sucesso, com o cumprimento de tudo aquilo que a Vigilância Sanitária exigiu para a realização do evento. Inclusive com os corredores iniciando a corrida com máscara", explicou Edson Aparecido, secretário municipal da Saúde.
O secretário também destacou que existem pontos sensíveis a serem superados. "Por exemplo, a concentração antes da entrada no Sambódromo e em relação à concentração que acontece durante os ensaios", completou.
Todos os eventos da capital deverão exigir o passaporte da vacina a partir da próxima segunda-feira (10). "Tínhamos um protocolo inicial que apontava que eventos com mais de 500 pessoas deveriam exigir o passaporte. Estamos fazendo essa alteração em razão do quadro epidemiológico que a cidade vive hoje. Enquanto existir esse quadro de ascensão da Ômicron na cidade, vamos exigir para qualquer evento a necessidade do passaporte", disse o secretário Edson Aparecido.