O Papa Francisco criticou, nesta quarta-feira (5), as decisões de pessoas que se abstêm de ter filhos e preferem criar cães e gatos. Segundo o pontífice, a civilização, assim, perde a "riqueza" da paternidade e da maternidade, destacadas por ele como a "plenitude na vida de uma pessoa".
"Muitos casais não têm filhos porque não querem, ou então apenas um, mas têm cães e gatos que ocupam o lugar dos filhos. Essa negação da maternidade e da paternidade nos diminui, tira nossa humanidade", disse.
Segundo a agência de notícias Ansa, a declaração do pontífice se deu em meio a um alerta para um "inverno demográfico" causado pela queda das taxas de natalidade. O pontífice ainda acrescentou que, além da perda da "riqueza", "sofre a pátria que não tem filhos".
De acordo com o jornal Correio Braziliense, Francisco ainda pediu que as instituições facilitassem os processos de adoção — assim, o sonho das crianças que precisam de famílias e o dos casais que desejam acolhê-las poderiam se concretizar.
"Ter um filho é sempre um risco, seja natural, ou adotado. Mas mais arriscado é não ter. Mais arriscado é negar a paternidade, negar a maternidade, seja ela real, ou espiritual", insistiu Francisco, segundo a agência de notícias AFP.
O Papa Francisco já citou o cenário de "inverno demográfico" em um de seus últimos discursos de 2021. "Parece que muitos perderam a ilusão de andar adiante com filhos. Pensem sobre isso, é uma tragédia", lamentou o líder religioso na ocasião.
O Instituto Nacional de Estatística (Istat) — órgão similar ao IBGE, do Brasil — divulgou, em novembro de 2020, estudo sobre a população do país. Segundo a pesquisa, o número de italianos pode cair 20% nas próximas cinco décadas.
Dessa forma, a população da Itália chegaria a 47,6 milhões de habitantes em 2070. Atualmente, o país tem 59,6 milhões de pessoas.
A projeção tem base nas atuais tendências demográficas da Itália. Em 2020, o país europeu registrou 404,1 mil nascimentos, o menor número de sua história, conforme a Ansa.