Mato Grosso vive nesses primeiros dias do ano uma explosão de casos de Covid-19. O aumento coincide com o momento em que o estado também assiste a uma escalada dos casos de gripe e, inclusive, registros de coinfecção por Covid-19 e Influenza, também chamada de Flurona. Na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou nesta semana sete registros deste tipo de infecção.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), no dia 23 de dezembro, o estado registrou 239 casos diários da doença. No dia 30, o número de infectados pulou para 378 e, nesta quinta-feira (6), saltou para 1.209. Em uma semana, a alta foi de 58%. Se considerar o período de 14 dias, a escalada foi de 405%.
De acordo com a infectologista Danyenne Assis, o aumento também é percebido na prática clínica. Ela, que trabalha no Hospital Universitário Júlio Muller, conta como tem sido a rotina na sua unidade desde o início do ano, período que sucede às festas de Natal e Réveillon.
“No meu serviço, onde a gente testa os funcionários e os pacientes que internam, o número aumentou bastante, tanto de funcionários quanto de internados. Está vindo vários positivos para Covid-19”, conta. “Mesmo quem está vacinado, só que a diferença é que quem está vacinado com as três doses está tendo um quadro muito leve”, completa.
Veja gráfico com os números de casos nas vésperas dos feriados e na primeira semana de 2022:
Aumento de positivos em Cuiabá
Em Cuiabá, o número de testes positivos para exames que diagnosticam o vírus da Covid-19 e da Influenza tiveram um aumento percentual, respectivamente, de aproximadamente 30% e 50% no início deste ano no Instituto de Analises Clinicas (INAC).
De acordo com o Inac, os dados se referem ao período desta quarta-feira (5) comparado ao dia 27 de dezembro. Em relação a Covid-19, o aumento percebido nos diagnósticos positivos foi de cerca de 25% a 30%. A Influenza, por sua vez, teve um crescimento ainda maior: 40% a 50%.
Casos de Flurona
A SMS da Prefeitura de Cuiabá também confirmou, nesta terça-feira (4), o registro de sete pacientes com coinfecção pelo vírus da Influenza, H3N2, e Covid-19 ao mesmo tempo. A condição, também chamada de Flurona, já atingiu pelo menos cinco estados brasileiros. Para a infectologista e pesquisadora Márcia Hueb, ainda é cedo para afirmar que esse tipo infecção represente maior gravidade, porém, a tendência é que haja mais registros.
Até o momento os números de infecção são baixos, porém, isso ocorre por conta da subnotificação dos casos de Influenza. “Isso que está sendo chamado de Flurona, é uma junção do nome dos dois vírus, da Influenza e do Corona. Ainda tem poucos casos já confirmados, mas isso deve ser basicamente porque se testa muito pouco, com aquele painel viral”, relata a pesquisadora ao Olhar Direto.
Festas de fim de ano
Para Márcia Hueb, as festas de fim ano são fatores importantes para entender o aumento de casos de Covid-19, Influenza ou, até mesmo, a Flurona. Por conta disso, conta Márcia, a circulação de ambos os vírus, Covid-19 e Influenza, é potencializada.
Outro fator determinante nesse cenário epidemiológico é também o descompasso entre pessoas vacinadas há mais e menos tempo contra a Covid-19, o que implica em diferentes níveis de eficácia de imunidade. Ainda segundo Márcia, aquelas que sequer se imunizaram contra a gripe em 2021 também se tornam vulneráveis.
“Tem muita gente que não se vacinou para gripe este ano, até por ter ficado em casa. Isso faz com que aumente a frequência da Influenza, ela aumentou muito em relação aos outros anos e agora ainda com esse H3N2, um pouquinho diferente, [ficou pior]”, enfatiza.