Rachel Reis
Rachel Reis colocou a música "Maresia" de última hora no EP "Encosta", como faixa-bônus. A cantora baiana temia botar um arrocha descarado para bailar com sua MPB de toques caribenhos e eletrônicos. Mas deu onda.
"Maresia" pegou entre quem já conhecia sua voz macia, e entre ouvintes de arrocha e pagodão fisgados pela faixa em parceria com Fredinho O Louco.
A mistura está no sangue: a mãe de Rachel foi cantora de seresta em Feira de Santana. A filha poderia tocar em rádio de MPB, no boteco, em festa de "brasilidades" ou na seresta sem perder a identidade.
"Fiquei com medo de que ('Maresia') ficasse muito aleatória, mas paguei língua", ela diz. "As pessoas chegaram mais em mim, e sem aquela coisa de se empolgar e sair. Elas acabam ficando comigo".
Aos 24 anos, ela faz os 3 últimos períodos da graduação em Publicidade enquanto prepara o 1º álbum completo. Tudo indica que vai faltar tempo para o curso em 2022.
MC Danny
"MC Danny, hein... Não confunda!". Entre os bordões que invadiram a música brasileira, poucos são tão bons para introduzir sua dona. É fácil confundir MC Danny de várias formas antes de conhecê-la.
Ela teve a 1ª e a 3ª músicas mais tocadas no Spotify no Brasil no réveillon ("Toma toma vapo vapo", com Zé Felipe, e "Ameaça", com Paulo Pires e Marcynho Sensação) - com isso, elas entraram até no top 30 global. Quem ouve de relance os forrós ousados pode ficar confuso sem saber que:
- A nova voz da pisadinha é uma funkeira paulista. Ela tentava emplacar em SP há 10 anos, até virar queridinha do forró.
- As letras são cheias de ousadias e quicadas. Mas Danny se formou no funk "consciente", sobre a realidade difícil das favelas.
- Nas músicas, ela deixa homens doidos com relações sem sentimento. Na real, Danny vive tranquila com sua namorada.
- Todo mundo está atrás da voz imponente, do ritmo e da liberdade feminina da artista que antes era ignorada.
- Ela fechou 'feats' com Barões da Pisadinha e João Gomes, e sua equipe conversa com a de Anitta. Mas ela não quer se prender a uma fórmula - no funk nem na pisadinha.
Felipe Amorim
Os shows de Felipe Amorim têm um momento com palco baixo no meio do público com laser, sirene e fumaça disparados em sincronia com as batidas. Não se trata de um novo DJ de Jurerê In.
Em vez de subgêneros da EDM em inglês, as bases do cearense são pagodão, pisadinha, brega, reggae, arrochadeira e todo som dançante que a cultura pop brasileira ofereça hoje.
A origem da carreira do Felipe lembra a de Marília Mendonça. Ele passou anos assinando hits como "Tá rocheda", para os Barões da Pisadinha, e outros para Xand Avião, Zé Vaqueiro e Raí Saia Rodada.
Ele tinha tudo para se lançar como cantor. Aí foi chutar para o gol, com ajuda dos parceiros Caio DJ e Kaleb Junior. Primeiro veio "Sem Sentimento", com a MC Danny. Depois, "Putariazinha", o hit atual.
As produções brincam com sanfona, triângulo e zabumba do forró pé-de-serra e os beats dos DJs gringos. Em "Piserave" ele põe efeitos na batida de teclado e pede "balinha na língua" no "piseiro rave".
Sua vantagem é escrever e produzir as próprias músicas com Caio e Kaleb. A desvantagem: quando mais sucesso, menos tempo para parar, escrever e gravar. O jeito é apertar o passo do piseiro.