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Bolsonaro discute estratégias com ministros para não depor à PF

Presidente se reúne com ministro da Justiça e advogado-geral da União e discute formas de evitar depoimento determinado pelo STF

Data: Sexta-feira, 28/01/2022 11:08
Fonte: Renato Souza e Sarah Teófilo, do R7, de Brasília

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), recorreu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e ao advogado-geral da União (AGU), Bruno Bianco, para discutir estratégias a fim de evitar o depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (28). Informações obtidas pelo R7 apontam que os dois estão reunidos com o presidene para debater as estratégias possíveis.

A reunião de Bianco e de Torres com o presidente não consta na agenda de nenhum dos três, mas a reportagem confirmou a presença de ambos no Palácio do Planalto em reunião com o mandatário pela manhã. O encontro ocorre a poucas horas do horário marcado para o presidente depor, às 14 horas.

Na última quinta-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Morases determinou que Bolsonaro preste depoimento na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. De acordo com a decisão do ministro, o chefe do Executivo deve ser ouvido nesta sexta-feira (28), às 14 horas. A determinação ocorreu no âmbito de um inquérito que apura se Bolsonaro vazou documentos sigilosos.

A decisão para que Bolsonaro fosse ouvido é do dia 29 de novembro do ano passado e, na ocasião, ele havia determinado um praxo de 15 dias para que a oitiva fosse realizada. O prazo foi ampliado para 60 dias após pedido da presidência, que alegou problemas de agenda. Conforme o magistrado, a data e a hora foram definidas após nem o presidente nem a AGU (Advocacia-Geral da União) marcarem o depoimento, que deveria ocorrer até a sexta-feira. Moraes também retirou o sigilo do processo.

"Será o investigado quem escolherá o 'direito de falar no momento adequado' ou o 'direito ao silêncio parcial ou total'; mas não é o investigado que decidirá prévia e genericamente pela possibilidade ou não da realização de atos procedimentais ou processuais durante a investigação criminal ou a instrução processual penal", escreveu Moraes, no despacho.

Bolsonaro é investigado por ter divulgado documentos sigilosos de um inquérito que corre na PF para apurar acessos indevidos aos softwares — programas — da urna eletrônica. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a invasão não comprometeu as eleições, e os dados acessados pelos atacantes se referem a um município específico do Rio de Janeiro. A divulgação por parte do presidente ocorreu em agosto do ano passado, pelas redes sociais, quando ele publicou a íntegra do inquérito.