Luana Oliveira, de 10 anos, está produzindo laços de cabelo para vender em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, e conseguir comprar o próprio material escolar e um celular para auxiliar nas atividades. Ela ganhou destaque nas redes sociais com a iniciativa.
A motivação para fazer as produções veio da mãe, a artesã Leise Oliveira, de 32 anos, que já trabalha com outros artigos produzidos a mão.
Ela contou ao g1 que quando estava grávida de Luana sofreu violência doméstica e foi perseguida pelo ex-marido. Hoje, ela vive sob proteção da Polícia Civil pela Delegacia da Mulher de Várzea Grande e cria os filhos de forma independente.
Luana é a mais velha dos quatro irmãos. Segundo Leise, a filha começou a ajudar em casa desde cedo, sendo sempre proativa para dar apoio à família.
“A forma dela de lidar com a rejeição [do pai] é com o trabalho. Minha filha reconhece tudo que fiz para ela”, contou a mãe.
Há um ano, Leise se casou novamente e hoje tem o apoio do marido. Agora, Luana também converte a venda dos laços na renda da família e a mãe também faz diárias como doméstica.
A mãe disse que também combinou com a filha de que a ajudaria a produzir os laços nas horas vagas, mas que as vendas seriam de responsabilidade dela, uma vez que a garota afirmou que quer conseguir juntar o próprio dinheiro.
Luana vende os laços a R$ 2,50, batendo de porta em porta pelo bairro onde mora. Com a repercussão de um vídeo publicado nas redes sociais, agora parte de seu trabalho também está sendo feito de forma online.
Além de empreendedora, ela também faz o trabalho de modelo para divulgar os laços produzidos.
“Quando a gente estava fazendo os laços, ela virou pra mim e perguntou: ‘Quando eu tiver uma loja, vou precisar ter uma fábrica de laços?’ Olha como ela pensa longe, sempre esperta”, disse a mãe.
Luana gosta de fazer as compras de casa, de escolher os produtos, de ter iniciativa e liderança. "Ela é muito ligeira com dinheiro e bem amorosa. Ela sabe fazer comida, até melhor que a minha. Ajuda bastante em casa”, afirmou.
Segundo levantamento da Polícia Civil, o estado registrou quase 14 mil medidas protetivas para mulheres vítimas de violência doméstica em 2021. Houve um aumento de 5,5% em relação ao número de inquéritos abertos registrados em 2020.
A violência doméstica foi reincidente na vida de dezenas de mulheres mortas no ano passado no estado, segundo a polícia.
De acordo com o estudo, as vítimas de homicídios e feminicídios sofreram algum tipo de violência em relacionamentos anteriores ou atuais à época em que aconteceram os crimes.
Os dados mostram que 28 mulheres haviam feito boletim de ocorrência por violência enquanto dividiam a casa com um companheiro. Deste total, cerca de 17% delas haviam denunciado os autores de suas mortes.
Já a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), divulgou que foram registradas 85 casos de mulheres mortas violentamente entre janeiro e dezembro do ano passado. Deste total, cerca de 50% foram vítimas de feminicídio.
É uma nova classificação de crime quando envolve o assassinato de uma mulher. Geralmente, a motivação se dá por "razões da condição de sexo feminino", de acordo com a lei nº 13.104/2015, que instituiu o feminicídio.
A pena prevista em lei é de 12 a 30 anos de reclusão.
Medida Protetiva online – Pode ser solicitada pelo site. Clique em “Solicitar Medida Protetiva” e depois em “Iniciar Pedido de Medida Protetiva”.
SOS Mulher – Botão do Pânico – Aplicativo que deve ser instalado no celular e poderá ser utilizado para mulheres com medidas protetivas determinadas judicialmente e que morem em em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, cidades com unidades do Ciosp instaladas.