A tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur Souza Dechamps apresentou mais um atestado médico e vai continuar afastada do cargo até o dia 14 de março. Ela é ré acusada de tortura de Rodrigo Claro, 21, que morreu após um treinamento aquático conduzido por ela, em novembro de 2016.
Conforme a assessoria do Corpo de Bombeiros, o atestado médico da tenente Ledur é amparado por uma junta de 3 profissionais, sendo dois do Estado e um da rede privada. Segundo vinha sendo noticiado pela defesa, Izadora Ledur sofre com depressão desde a morte de Rodrigo Claro. Não há limite para a apresentação de atestados.
No último dia 31 de janeiro, conforme publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), a conclusão dos trabalhos do Conselho de Justificação instaurado contra a tenente Ledur foi sobrestado por 20 dias, a contar do dia 24 de janeiro. A suspensão dos trabalhos foi autorizada pelo governador Pedro Taques (PSDB), pelo secretário-chefe da Casa Civil Max Russi e pelo secretário da Casa Militar Wesney de Castro Sodré.
No âmbito judicial, houve audiência de instrução no último dia 26, na 7ª Vara Criminal, onde vários soldados que passaram na mesma turma da vítima relataram como era o tratamento dado por Ledur aos seus alunos e como Rodrigo Claro e outros colegas que tinham dificuldades nos treinos de natação eram perseguidos pela instrutora. Na ocasião, 5 bombeiros que compunham a equipe de treinamento e eram réus junto com Ledur aceitaram um acordo proposto pelo Ministério Público Estadual (MPE) e tiveram seus processos suspensos e desmembrados, restando a acusação de tortura apenas contra Izadora Ledur.
O caso
Rodrigo Claro morreu aos 21 anos de idade, no dia 15 de novembro de 2016, vítima de uma hemorragia cerebral causada poucas horas após participar de treinamento e atividades aquáticas, pelo 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso.
Durante o treino, ele foi submetido pela tenente Ledur a sessões de afogamento, conhecidos como “caldos”, durante a travessia da lagoa Trevisan. Ele chegou a ser hospitalizado, mas após cirurgia e 5 dias de internação na UTI, acabou morrendo.
Conforme relatos de bombeiros que fizeram o curso junto com Rodrigo, além dos afogamentos, era constante o tratamento agressivo e humilhante por parte de Ledur, que costumava xingar, menosprezar e gritar com seus alunos, principalmente os que passavam por mais dificuldade nas atividades coordenadas por ela.