Muitos estados brasileiros estão sendo atingidos por uma grande quantidade de chuvas, normais nessa época do ano. Porém, toda essa água do verão acaba deixando as cidades alagadas e, principalmente nas regiões mais humildes, as pessoas entram em contato com as enchentes e os riscos à saúde são grandes.

A infectologista Lina Paola, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que os problemas aparecem pelo contato com a água suja. "Os riscos principais de doenças infecciosas vêm a partir do contato com a água proveniente de esgoto ou misturada com o esgoto. Por isso, é importante lembrar que a enchente favorece infecções importantes que podem levar a gravidade e a morte", diz ela. 

As enfermidades mais comuns são as doenças infecciosas da pele, bacterianas e dermatites; as gastroenterites, que são as infecções do trato gastrointestinal; leptospirose; hepatites A e E e febre tifoide. 

A indicação médica é a higienização após o contato com a enchente. "É necessário tomar banho com água limpa, de preferência usar um sabonete. Se tiver algum ferimento, é importante lavar bem o local com água potável e sabonete", orienta Lina. Além de ingerir muita água e ficar atento às alterações na saúde durante três dias.  

"O sintoma que o paciente precisa estar alerta é o aparecimento de febre, que é o alarme, tanto de gastroenterites, quanto de leptospirose, febre tifoide, hepatites A e E", afirma a médica. "O segundo sintoma mais comum é a dor no corpo e o terceiro sintoma é a diarreia", acrescenta.

Além da higienização pessoal, é importante lavar bem os alimentos e todas as superfícies que entraram em contato com a água contaminada. "Não temos proteção, não temos memória vacinal ou imunológica que possam nos proteger dessas doenças infecciosas. Então, a população em geral fica muito exposta, suscetível. Pode adoecer quem entra em contato diretamente ou indiretamente, por meio dos alimentos e superfícies contaminadas", alerta Lina. 

Outra ação importante depois das chuvas fortes é a eliminação da água acumulada para evitar a proliferação de mosquitos. "Temos de fazer uma busca ativa de lugares onde ficaram armazenadas de forma natural a água, que possa proliferar o mosquito aedes aegypt ou albopictus nas áreas florestais que podem transmitir dengue, chicungunha e eventualmente a febre amarela. Doenças endêmicas nessa época do ano", pontua a infectologista. 

Seja qual for a enfermidade doença, a rapidez em procurar ajuda médica é fundamental para evitar infecções mais graves.

"É importante o reconhecimento rápido das possíveis doenças. Após 72 horas de contato com as enchentes é importante ficar atento ao aparecimento de febre, ou algum sinal gastrointestinal como náusea, vômitos e diarreia, ou eventualmente urina escura, pele amarelada deve procurar prontamente o serviço médico e evitar casos graves dessas doenças", finaliza Lina.