Em depoimento prestado durante a audiência sobre a morte de Henry Borel realizada nesta quarta-feira (9), Monique Medeiros, mãe do menino, contou detalhes de seu relacionamento com Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, e descreveu comportamentos abusivos e ataques de ciúme do ex-vereador.
No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Monique relatou o primeiro episódio de agressão física que teria sofrido de Jairo, em novembro de 2020, cinco meses antes da morte do menino.
Segundo ela, o ex-parlamentar tinha consumido bebidas alcoólicas e pulado o muro da casa onde ela morava com os pais, em Bangu, na zona oeste do Rio, de madrugada. Ele teria, então, acessado o celular da professora em busca de mensagens entre ela e o pai de Henry, Leniel Borel.
"Ele se incomodou porque eu chamava o Leniel de Lê e ele me chamava de Nique. Eu acordei sendo enforcada na cama por ele, ao lado do meu filho deitado, sem saber o porquê", disse Monique.
A mãe de Henry também contou sobre um episódio no qual Jairinho teria sentido ciúme de um entregador que havia levado uma sobremesa até o apartamento onde o casal morava, na Barra da Tijuca.
Monique afirmou que o ex-vereador a acusou de flertar com o homem e chegou a enviar mensagens a uma conhecida que trabalhava na Vigilância Sanitária, alegando que a comida do local estava podre e pedindo a interdição do restaurante. A professora disse, no entanto, que conseguiu convencê-lo a apagar as mensagens.
Ela declarou que só conseguiu acalmar Jairinho depois de chamá-lo para a cama e "namorar" com ele, e disse que esse era um comportamento recorrente. "Todas as vezes que tinha briga, tinha que ser deitada na cama", apontou.
Além de destacar o comportamento abusivo de Jairo, Monique relatou ver nele indícios de bipolaridade, e afirmou que o político tomava remédios ansiolíticos de tarja preta para dormir e antidepressivos.
A professora também afirmou que Jairinho tinha oscilações de humor e sempre dizia que iria mudar e procurar ajuda médica, desculpando-se por seu comportamento.
Mais cedo, durante a audiência, Jairinho disse que nunca encostou em um fio de cabelo de Henry. Ele alegou que precisava de provas e exigiu um exame toxicológico, imagens de câmeras de segurança do Instituto Médico-Legal para onde o corpo de Henry foi encaminhado, bem como as imagens do hospital e o resultado do raio-X feito na criança.