Com o aumento de golpes e vazamentos de dados, muitas pessoas só descobrem que estão com o nome sujo quando recebem um comunicado da empresa credora ou na hora de realizar um empréstimo. Mas é possível se prevenir e checar regularmente se alguém está usando seu CPF indevidamente por meio do Registrato, uma plataforma gratuita do Banco Central.
Desde de 2014, a ferramenta tem facilitado o acesso dos cidadãos a dados pessoais mantidos em cadastros administrados pelo BC. Somente em 2021, foram emitidos 7,6 milhões de relatórios, sendo que, no ano anterior, esse número não passou de 3 milhões.
De acordo com o órgão, essas consultas têm aumentado, principalmente, por conta da inclusão de novos tipos de relatórios no sistema, como chaves Pix, cheques sem fundos e cadastros de inadimplentes com o governo federal.
Para fazer a consulta basta realizar um cadastro no site do Registrato. Qualquer pessoa consegue verificar se o CPF está sendo usado para abrir contas ou se há suspeitas em insituições financeiras que possam acender o alerta de possíveis fraudes. Além disso, é possível ver informações sobre financiamentos e cheques devolvidos, verificar as chaves PIX cadastradas em seu nome e dados sobre operações de câmbio e transferências internacionais.
O comerciante Rodrigo Alvarez não conhecia o Registrato e não usava nenhum outra alternativa como prevenção. Por isso, não conseguiu evitar as dores de cabeça por ter o nome negativado por uma dívida que não era dele. "Só fui descobrir que estavam usando meu CPF depois que eu recebi um comunicado do Serasa por e-mail. Isso me causou muitos prejuízos, inclusive, quando fui tentar fazer um empréstimo para fazer a matrícula da minha filha no ano passado e não consegui", conta.
Para não ser pego de surpresa como o Rodrigo, há ainda uma outra opção além da ferramanta do BC. É possível checar se o nome está sujo nas plataformas do Serasa e do SPC Brasil. O serviço gratuito de consulta ao CPF é oferecido por meio de aplicativo — disponível no Google Play ou na App Store — e indica qualquer dívida que tenha sido registrada, restrições em seu nome, protestos em cartório, ações judiciais ou problema na situação cadastral.
Ao perceber consultas suspeitas no CPF, o primeiro passo é procurar a empresa que forenceu algum crédito em seu nome e, em seguida, a instituição financeira, para alertar sobre esse uso indevido.
Além disso, o Serasa orienta que é preciso tomar alguns cuidados com o próprio número do CPF, como evitar confirmar dados por telefone e fornecê-los em formulários nos quais esse tipo de informação não seja obrigatória.
Outra dica importante é não permitir que funcionários de lojas usem documentos sem que você esteja presente. Vale ressaltar que, se o seu documento for perdido ou roubado, é recomendado fazer um boletim de ocorrência para evitar possíveis fraudes, juntando provas sobre o golpe, como as consultas suspeitas.
Depois disso, o processo será aberto sobre a fraude e a empresa credora deverá cancelar o empréstimo e resolver o caso sem causar dano ao consumidor.
Mas, se mesmo depois do registro, a empresa se recusar a desfazer a operação, cabe ao consumidor procurar o Procon ou ajuizar uma ação judicial para pedir ressarcimento dos prejuízos causados.