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Governo de MT recorre ao STF para tentar derrubar proibição de cobrança do ICMS da energia solar

Órgão Especial do TJMT concedeu liminar contra cobrança de ICMS pelo uso das linhas de transmissões por energia solar produzidas por placas solares.

Data: Terça-feira, 15/02/2022 06:03
Fonte: G1 MT

O governo de Mato Grosso prepara um recurso para ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que impede a cobrança do ICMS pelo uso da rede de transmissão da energia solar no estado.

De acordo com o procurador-geral do Estado, Francisco Lopes, a decisão do TJMT foi recebida com surpresa pelo governo.

O governo busca derrubar a liminar concedida na última quinta-feira (10) pela relatora, desembargadora Maria Aparecida Ribeiro. No entendimento do Órgão Especial, o estado não tem direito de cobrar o imposto dos consumidores que optarem por produzir energia solar.

“Estamos recorrendo na instância superior, o STF, em Brasília. O posicionamento da PGE é pela legalidade da cobrança, mesmo com a decisão do TJMT”, disse.

Quanto a decisão, ele disse que o estado vai recorrer, mas se não conseguir êxito nesse recurso, irá cumprir a decisão do TJMT. “Hoje tem esse entendimento divergente e nós respeitamos, mas dentro do prazo legal vamos entrar com recursos cabíveis”, completou.

Cobrança barrada

 

Por unanimidade, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pelo Partido Verde (PV) para proibir que o governo de Mato Grosso cobre ICMS sobre a distribuição da energia solar produzida no estado.

Atualmente, o usuário paga 17% de ICMS sobre o uso da rede de distribuição, ou seja, a energia não consumida na hora é tributada pelo governo do estado. Salvo se o consumidor não usar a rede e armazenar a energia produzida em baterias.

Em junho do ano passado, a Assembleia Legislativa derrubou o veto do governador Mauro Mendes (DEM) em relação ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 18/2021.

O texto, de autoria do deputado estadual Faissal Calil (PV), altera trechos da Lei 631/2019, que determina a isenção de cobrança do ICMS sobre a Tarifa de Utilização do Sistema de Distribuição da rede de energia (TUSD) pelos consumidores que utilizem usinas de energia solar até o ano de 2027.

O projeto de Faissal havia sido aprovado no final de maio, mas foi vetado pelo governador Mauro Mendes (DEM), que entendeu que a legislação seria inconstitucional de acordo com parecer da Procuradoria Geral do Estado.

O deputado Faissal destacou que seria injusto da parte do governo querer taxar o sol. O parlamentar acredita que a Justiça foi feita. "A vitória é nossa, a vitória é da população", disse.

 

Cobrança de ICMS

 

A Lei Estadual 7.098/98 dispõe sobre o regime tributário aplicável ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS. Os artigos 2º e 3º da lei disciplinam regras de incidência, fato gerador e cálculos relativos ao tributo.

Conforme a sigla, a lei tem levado, dentro do estado de Mato Grosso, a Fazenda Estadual e a Concessionária do Serviço Público de Distribuição de Energia a interpretar, de forma inconstitucional, que o ICMS incide também sobre a energia produzida no âmbito do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (microgeração e minigeração de energia distribuída – energia solar) regido pela Resolução Normativa ANEEL 482/2012.