Em visita ao memorial aos judeus mortos na Segunda Guerra Mundial às margens do Rio Danúbio, em Budapeste, na Hungria, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está enganado quem acredita que a história não possa se repetir. A declaração foi publicada como vídeo na manhã desta sexta-feira (18) pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do chefe do Executivo, no Twitter.
“Quem acha que a história não pode se repetir está completamente enganado. A história pode se repetir, inclusive pior”, disse Bolsonaro. O vídeo traz imagens do presidente à beira do Danúbio, intercaladas com cenas dos calçados fixados no local, como forma de lembrar o modo como os judeus eram mortos na Segunda Guerra.
O vídeo tem 42 segundos e traz também frases explicando o motivo de os sapatos estarem no piso às margens do rio. O nome oficial do memorial inaugurado em 2005 na capital húngara é Shoes on the Danube Bank, ou Sapatos na Margem do Danúbio, em tradução livre.
“Os judeus foram obrigados a se despir e a tirar os sapatos. Em seguida foram fuzilados pelas costas à beira do Danúbio. Posteriormente seus corpos caíram no rio e foram levados pela correnteza”, informa o vídeo.
Jair Bolsonaro chegou a Budapeste na manhã desta quinta (17). Ele se encontrou com o presidente da Hungria, János Áder, e com o primeiro-ministro, Viktor Orbán. As lideranças conversaram sobre meio ambiente, acordos internacionais e a crise entre Rússia e Ucrânia. O chefe do Executivo brasileiro participou de uma cerimônia de assinatura de atos internacionais de cooperação com Orbán.
Antes, o presidente se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. Bolsonaro exaltou o diálogo com o país, defendeu a soberania das nações e o empenho pela paz. O presidente brasileiro também agradeceu a Putin por defender a soberania do Brasil na Amazônia.
A visita de Bolsonaro à Rússia ocorreu em meio a tensões entre o país e a Ucrânia. Mesmo ciente dos riscos da viagem em razão da ameaça de invasão do país vizinho pelas tropas russas, o líder brasileiro decidiu manter a visita para atender a um convite feito por Putin.
Na reunião a portas fechadas, os chefes de Estado conversaram sobre comércio bilateral e alianças em áreas como nanotecnologia, biotecnologia, inteligência artificial, tecnologias de informação e comunicação, pesquisas em saúde e oceanos.
A visita de Bolsonaro à Europa rendeu ao Brasil um protocolo de emenda e três memorandos. Os textos a que o R7 teve acesso contemplam as áreas de cooperação humanitária, gestão sobre recursos hídricos e defesa.
Com a Rússia, o governo assinou protocolo de emenda ao acordo sobre proteção mútua de informações classificadas, firmado em 13 de agosto de 2008. O texto da gestão de Lula (PT) fala sobre o interesse mútuo em garantir a proteção das informações classificadas no âmbito da cooperação política, técnico-militar, econômica e outras.
Os signatários do protocolo de emenda são Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Sergeyevich Alpatov, diretor interno do Serviço Federal de Segurança da Rússia. O objetivo é adequar o acordo à legislação brasileira atual — com os tipos reservado, secreto e ultrassecreto.
Com a Hungria, o governo assinou memorando de entendimento para o desenvolvimento da cooperação humanitária. O instrumento promove ações para o intercâmbio de informações e conhecimento, assim como de experiências e recursos técnicos.
A reunião rendeu também um memorando de entendimento sobre a gestão de recursos hídricos e saneamento. O foco é compartilhar experiências e promover o fortalecimento de ações bilaterais no setor, como regulação legal e econômica, capacitação, modelos de gestão e sistemas de governança, sustentabilidade econômica e financeira, entre outros.
Por fim, um memorando de entendimento sobre cooperação em matéria de defesa também foi assinado. Nesse caso, o objetivo é promover a troca com ênfase nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, de apoio logístico e de aquisição de produtos e serviços militares.
Nos casos húngaros, os memorandos foram assinados pelos ministros brasileiros Braga Netto (Defesa) e Carlos França (Relações Exteriores) e pelos ministros húngaros Tibor Benkö (Defesa) e Péter Szijjártó (Negócios Estrangeiros e Comércio).