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Policial caminha 3 mil km de Cuiabá a Chuí (RS) para cumprir promessa por cura de parentes doentes: 'nunca pensei em desistir'

Lindomar César de Araújo passou 83 dias caminhando após tia e amigos sobreviveram a doenças.

Data: Terça-feira, 22/02/2022 08:22
Fonte: G1 MT

O policial civil Lindomar César de Araújo, de 45 anos, caminhou 3.184 km para cumprir uma promessa feita há 10 anos pela saúde de parentes e amigos. Do trecho percorrido, apenas 80 km foram de carona ou ônibus. O policial saiu de Cuiabá com destino à Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul.

O principal motivo para que ele fizesse a promessa foi a intenção de cura de uma tia que estava com câncer. Em 2012 ela passou por uma cirurgia grave de retirada de um tumor maligno no útero. Lindomar prometeu que se ela não morresse durante o procedimento, ele iria a pé ou de bicicleta até a casa dela, em São Pedro da Serra (RS).

"Coloquei 10 anos como tempo limite para pagar a promessa. Nesse tempo eu poderia me preparar melhor fisicamente, mentalmente e financeiramente", contou.

Durante esse período de preparo, um colega de Lindomar passou por uma cirurgia no coração e, caso a cirurgia fosse realizada com sucesso, ele acrescentaria uma quilometragem a mais.

 E, em 2020, com a chegada da pandemia, outro colega do policial ficou mais de 30 dias em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa da Covid-19.

"Aumentei a quilometragem acrescentando essas pessoas na promessa e graças a Deus todas sobreviveram. Infelizmente outra tia que estava com câncer veio a falecer. A somatória de quilômetros nas promessas chegaram ao extremo sul do Brasil, Barra do Chuí na divisa com o Uruguai", disse.

Lindomar é lotado na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), e tinha cinco meses de férias vencidas. Ele solicitou três meses de férias, tempo necessário para cumprir a promessa.

No dia 9 de outubro do ano passado, ele foi de bicicleta até São Gabriel do Oeste (MS). A mulher dele o acompanhou de carro levando a mochila. Chegando no município, ela retornou para Cuiabá e ele seguiu sozinho a pé, puxando um carrinho com a bagagem, que incluía barraca, saco de dormir, colchonete, vestuário e alimentos.

"O plano inicial era fazer tudo com uma mochila nas costas, mas nas vésperas ao fazer o teste percebi que seria impossível dessa maneira porque o peso da mochila ultrapassava os 40 kg", contou.

Lindomar disse que planejou toda a viagem, os hotéis em que dormiu e nos dias em que não fosse possível acamparia em pátio de postos de combustíveis ou às margens de rios devido à necessidade de repor a água.

 

"Durante essa caminhada, cheguei a percorrer a distância diária de 55 km, mas o plano era percorrer a média de 40 km por dia, se não, não seria possível terminar em 90 dias", contou.

 

Chegando em Santa Catarina, ele saiu da rota para visitar parentes no município de Palmitos (SC). No Rio Grande do Sul, o policial também visitou a irmã dele em Panambi (RS).

Chegando em Teutônia (RS), Lindomar contou que ficou alguns dias se recuperando e visitando parentes na região. No dia 26 de dezembro, o policial chegou à Praia do Cassino e um dia depois iniciou a travessia.

Foram seis dias para chegar na Barra do Chuí, já que a praia é deserta, e, quando concluiu o objetivo, sentiu um alívio.

 

"No início eu senti muita ansiedade porque nunca havia caminhado uma distância dessa na areia, ainda mais puxando um carrinho com quase 40 kg de peso. Quando toquei nos molhes da Barra do Chuí senti uma sensação de alívio, de dever cumprido. Algo inexplicável", disse.