Um dos advogados de Mary Hellen, Telêmaco Marrace, afirmou que a jovem moradora de Pouso Alegre foi para a Tailândia como “mula” e que provavelmente não tinha conhecimento do que levava nas bagagens. Apesar das autoridades do país asiático terem encontrado drogas em suas bagagens, o advogado acredita que Mary Hellen deva conseguir o perdão e não ser punida com a pena de morte.
“A aplicação da lei na Tailândia depende muito da quantidade e natureza da drogas. Dependendo do caso pode ser aplicada pena de morte. Os advogados brasileiros têm que ter muito jogo de cintura e atuar conjuntamente com advogados tailandeses. Os asiáticos são muito severos, mas de 15 presos por tráfico na Tailândia em 2020, oito obtiveram o perdão”, afirmou Telêmaco Marrace
Telêmaco faz parte de uma rede de advogados com atuação em todo o mundo em casos de tráfico internacional. Ele assumiu a defesa de Mary Hellen nesta terça-feira (22) junto com duas advogadas de Pouso Alegre. Telêmaco também irá contatar os representantes legais e familiares dos outros dois brasileiros presos na Tailândia.
Segundo Telêmaco, como primeiro passo, ele irá contatar um de seus correspondentes na Tailândia para obter informações sobre a integridade física e psíquica de Mary Hellen. Ele também já pediu para Mariana Coelho, irmã da brasileira, certidões de antecedentes negativos de envolvimento com o crime para atestar boa conduta.
“Precisamos saber em que prisão ela se encontra e se estão respeitando a dignidade dela”, informou o advogado.
Ainda de acordo com o advogado, Mary Hellen vai responder pelo processo na Tailândia, uma vez que está presa preventivamente. O objetivo da defesa é que ela não seja punida com pena de morte ou prisão perpétua. Depois disso, de acordo com a análise de documento, eles irão pedir para que o cumprimento da pena seja feito no Brasil.
“A Mary Hellen entrou de ‘mula’, com possibilidades de não ter conhecimento do que levava", afirmou.
Telêmaco acredita que Mary Hellen tenha ido para a Tailândia como mula, ou seja, apenas transportou a droga apreendida no aeroporto de Bangkok. Em entrevista ao g1, o advogado explicou como é feito o aliciamento de jovens para o tráfico de drogas. O foco são mulheres fragilizadas.
“Estes garotos são aliciados pelos emissários dos grandes traficantes que ficam em ‘baladas’. Uma outra estratégia que utilizam é o chamado ‘Angel’, que funciona da seguinte forma: o emissário do traficante cria perfis no Tinder, Instagram e Facebook... É o ‘cara’. Jogam a isca e simulam uma paixão...Daí as garotas são convidadas para uma viagem internacional e eles enchem a mala com drogas no fundo falso. Muitas vezes as ‘gurias’ entram numa ‘fria’ e realmente são inocentes. E com os rapazes, a promessa é de vida boa...Carros, riqueza etc...”, explicou.