Com flexibilidade invejável, a aposentada Rosinha Rodrigues, de 82 anos, dá aulas de hatha-yoga, técnica que trabalha aspectos físicos, mentais e espirituais. Depois que se aposentou, ela começou a dar aulas de yoga como voluntária no Centro de Convivência de Idosos (CCI) João Guerreiro, em Cuiabá.
Rosinha contou que há 30 anos pratica o hatha-yoga. Para ela, a ausência de problemas de saúde é um dos benefícios das sessões de exercício que trabalham postura, equilíbrio e aspectos espirituais.
“Não tenho nenhum problema de saúde. Nem óculos preciso usar, ainda dirijo meu carro para todos os lugares que preciso ir”, contou.
A oportunidade de ser professora voluntária de hatha-yoga na unidade surgiu por acaso. Mas a aposentada explicou que sempre foi educadora.
“E agora o que vou fazer?”, foi o que Rosinha pensou quando se aposentou, aos 70 anos.
Nessa época, ela descobriu o Centro de Convivência para Idosos João Guerreiro, no Bairro Altos do Coxipó, em Cuiabá e resolveu se dedicar às atividades oferecidas pela unidade.
“Decidi participar das aulas de hidroginástica, ginástica e trabalhos manuais. Achava as aulas muito rápidas e perguntei à professora se podia dar aulas de hatha-yoga”, lembrou.
Quando começou a dar aulas, tinha apenas quatro alunas e dava aulas em uma sala pequena, mas a turma cresceu e hoje são 48 alunas. Com isso, as aulas são dadas no pátio do centro de convivência.
Ela contou que trabalhou como professora de ensino fundamental durante 20 anos em escolas do interior de Mato Grosso.
“Era uma desbravadora, vivia no meio do mato, não tinha nada. Sofri muito no interior. Fui a primeira professora de Mirassol d'Oeste (a 329 km de Cuiabá) e a segunda de Jauru (a 463 km da capital)”, lembrou.
Ela costumava viajar de carona com caminhoneiros que levavam sal, madeira e arroz para fazendeiros, pois não eram todas as pessoas que possuíam acesso a meios de transporte na década de 60.
Como desejava fazer um curso superior, a aposentada decidiu que se mudaria para Cuiabá para conseguir ter acesso a uma faculdade de pedagogia.
“Morei em república durante oito anos, trabalhei em várias escolas nesse meio tempo para conseguir terminar a faculdade”, contou.
Rosinha teve seis filhos e se separou do marido aos 29 anos. Desde a separação, preferiu não se envolver em relacionamentos amorosos.
“Ele era coronel do Exército, me ajudou com os filhos, mas tinha outra família. Morreu há oito meses. Vivi sozinha durante a maior parte da minha vida”, lembrou.
Quando se formou, Rosinha foi aprovada em um concurso federal. Ela contou que trabalhou no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Cuiabá durante 27 anos.
Em 1995, teve a oportunidade de comprar um carro, o qual ela tem até hoje. Ela foi à concessionária e adquiriu um fusca, lançado à época.
“Precisei esperar 15 dias pela chegada dele. Há alguns dias, um caminhão bateu na traseira dele, precisei mandar para a oficina. Vou com ele para todos os lugares”, disse.
A aposentada conheceu o hatha-yoga durante as viagens de trabalho.
De acordo com ela, como trabalhava no treinamento dos funcionários, aproveitava para participar de cursos de aprimoramento em Brasília. No tempo livre, se dedicou a prática das técnicas.
De acordo com o coordenador do CCI, Diego Henrique da Silva, o principal benefício para as alunas de Rosinha é o aumento da autoestima.
“Elas procuram a unidade pelas aulas de hatha-yoga, mas começam a frequentar outras aulas, se tornam participativas. A principal mudança que vemos é o aumento da autoestima”, disse.
Para a aposentada Vânia Aparecida Oliveira Braga, de 55 anos, além de mudanças físicas e espirituais causadas pela prática do hatha-yoga, os benefícios da convivência no centro foram ainda maiores.
“Frequento as aulas há cinco anos, cada aula é uma lição de vida com a Rosinha. Sempre quis fazer yoga, mas é uma prática cara, não sai por menos de R$ 300. No centro, as aulas são gratuitas e temos uma ótima convivência”, disse.
As aulas acontecem toda terça-feira e sexta-feira, das 14h às 17h30. Podem participar pessoas com idade a partir de 60 anos.
“Tenho alunas com menos idade, que chegaram por indicação médica, por causa de depressão, diabetes e pressão alta. Hoje em dia a saúde delas melhorou”, contou Rosinha.