O delegado Rogério Ferreira, da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), afirmou que a dimensão do crime envolvendo o bacharel em direito Samir de Matos, de 44 anos, ainda é incerta e pediu às pessoas que denunciem os casos em que foram lesadas para ajudar a investigação policial.
Samir é investigado por aplicar golpes financeiros milionários em integrantes da loja maçônica, em Cuiabá. Cerca de 70 denúncias dão conta de um prejuízo acumulado de R$ 60 milhões, segundo a Polícia Civil.
Uma das vítimas revelou à TV Centro América que era preciso assinar um contrato com o suspeito e recebia de volta um cheque como garantia.
"A gente entrava com uma quantidade e assinava um contrato. Então, ele dava um cheque de garantia. A hora que a gente não quisesse mais estar investindo na bolsa de valores do dólar, podia ir lá e resgatar o dinheiro. Ele pagava 5% em cima do valor que a gente investiu lá", explicou.
Desde dezembro do ano passado, Samir não repassou os valores para mais ninguém porque havia caído na Receita Federal em razão de uma suposta multa de R$ 1,1 milhões. Segundo a vítima, isso era falso.
"Enquanto ele não pagasse essa multa, a Receita não ia liberar o dinheiro que era para ser pago para a gente. Foram praticamente quase três meses até que ele pagou a multa. Mas, a gente descobriu que essa multa nunca existiu", disse.
Ao g1, a Polícia Civil confirmou, até esta terça-feira (29), o registro de 10 boletins de ocorrência envolvendo o suspeito Samir. Três vítimas já foram ouvidas. Por enquanto, as investigações preliminares descartam esquema de pirâmide financeira.
"As informações até o momento apontam que não foram criados grupos com líderes para atrair novos investidores para uma suposta pirâmide financeira, sendo as investigações conduzidas até o momento como crime de estelionato", disse.
Segundo a polícia, as vítimas ouvidas até agora são pessoas conhecidas e do convívio do investigado, não sendo unicamente membros da maçonaria.
De acordo com o delegado da Decon, a polícia ainda procura levantar exatamente quantas vítimas foram lesadas e qual o prejuízo causado em cada uma delas pelo suspeito.
"A princípio, a delegacia está trabalhando com a hipótese de estelionato. Porém, podem surgir outros delitos ou até mesmo ocorrer a mudança da capitulação legal", explicou.
Mas, para isso, ele disse que conta com a colaboração das pessoas para que denunciem.
"É importante que as pessoas procurem registrar o boletim pela delegacia virtual ou pessoalmente em qualquer unidade e procurem a Decon, para que a gente possa investigar melhor os fatos, tentar localizar esse dinheiro e esses valores com ele. Também dimensionar o número de vítimas e o prejuízo causado", pediu.
Conforme as denúncias registradas até agora, o suspeito prometia investimentos no mercado financeiro sem correr riscos de prejuízos, o que atraía as vítimas.
Na semana passada, a loja maçônica Grande Oriente de Mato Grosso, na qual Samir frequentava e fez alguns 'irmãos' como vítimas, decidiu expulsá-lo da irmandade por considerar que ele feriu os princípios da organização.
A Decon comunicou que está montando uma força de tarefa para ouvir todas as pessoas envolvidas no menor tempo possível. A intenção é concluir as apurações preliminares e transformar o processo em inquérito policial.
O suspeito não foi mais localizado desde o sábado do dia 12 deste mês, quando a namorada dele o levou até uma rodoviária. Até então, nem mesmo ela sabia no que ele estava envolvido, segundo registro da polícia.