"Ficou aquela lacuna aberta, falta uma peça chave aqui entre nós". É assim que o cantor Daniel Diau, 50, descreve o retorno aos palcos da banda Calcinha Preta, após a morte de Paulinha Abelha, no final de fevereiro. O grupo chegou a frear a agenda após a tragédia, mas já voltou, com direito até a lançamento.
"Venha me Amar" é uma música que Paulinha gravou antes de sua morte e que ela costumava dizer que seria a "nova 'Baby Doll'", em referência ao sucesso de 2004 que a deixou conhecida como "diva do baby doll". O lançamento aconteceu no último dia 25, mas sem a cantora, que não resistiu a uma infecção no sistema nervoso e morreu aos 43 anos.
A nova música fazia parte de uma série de projetos, que incluía o retorno aos palcos pós-pandemia e a divulgação de um DVD ao vivo, gravado em Belém. Segundo Diau, apesar do retorno a esses projetos, a fatalidade mudou bastante os planos do Calcinha Preta, que não pretende substituir a cantora. "Jamais!".
"Retomar aos palcos sem Paulinha é triste. Fica aquele vazio. Estamos sempre lembrando [dela]", afirma ele, que é um dos três vocalistas do grupo, ao F5. "Para a gente é difícil, a dor é grande, mas o que podemos fazer é seguir em frente e carregar o legado dela. Os primeiros shows foram complicados, eu fiquei muito abatido de lembrar, com saudades... Mas eu sei que ela está num lugar melhor".
O lançamento de "Venha me Amar" foi especificamente escolhida por ser o Dia Nacional do Orgulho Gay, para presentear os fãs LGBTQIA+ que Paulinha chamava de "schnauzers". Segundo Diau, cantar essa música é uma forma dos fãs sentirem a presença dela e saberem que ela "está viva nos nossos corações".
"Às vezes em que cantei sem Paulinha, fiquei muito triste. A gente fica na expectativa de ela entrar no palco", afirma ele sobre a apresentação da música ao vivo. "Ela é aquela pessoa que você ama, que é sua irmã. Agora é tentar se segurar o mais forte possível, porque sempre vai bater a saudades".
SAUDADE
Paulinha Abelha morreu na noite do dia 23 de fevereiro, aos 43 anos, 12 dias depois se ser internada com problemas renais. Ela voltava de viagem quando reclamou de dores abdominais e procurou atendimento, tendo recebido diagnóstico de lesão renal.
Segundo laudo apresentado por especialistas contratados pelo marido da cantora, Clevinho Santos, as lesões renais apresentadas por Paulinha não tinham relação com os medicamentos que ela tomava, diferente do que se acreditava ser possível.
"Não foi evidenciado a presença de conduta médica inadequada durante sua internação hospitalar", diz o laudo. "Os medicamentos [...] não causaram lesões e/ou intoxicação na paciente, ou seja, não existe nexo causal entre os medicamentos prescritos e o evento óbito".
"O óbito da paciente ocorreu devido a um processo infeccioso no sistema nervoso central, conforme consta na certidão de óbito, e não decorrente de intoxicação exógena medicamentosa", concluiu o laudo assinado pelo médico Nelson Bruni Freitas.