O Brasil passa por um aumento exponencial no número de casos de apologia do nazismo. Dados da Polícia Federal, obtidos com exclusividade pelo R7, revelam que somente nos últimos três anos a corporação abriu 250 inquéritos para apurar casos que envolviam símbolos, declarações e ideias de extermínio associados ao regime liderado por Adolf Hitler.
Em 2018, a Polícia Federal fechou o ano com 20 inquéritos abertos para apurar denúncias de crimes de ódio contra judeus, negros, homossexuais e deficientes. Nos 12 meses seguintes (em 2019), esse número saltou para 69.
O ápice dos casos registrados pela Polícia Federal, até o momento, foi em 2020, quando 110 inquéritos foram abertos para apurar eventuais atos nazistas e crimes de ódio. Os dados mostram que houve a abertura de 71 inquéritos em 2021, número considerado elevado pelos integrantes da corporação em comparação com períodos anteriores a 2018, quando a média era de 10 a 15 inquéritos por ano.
O tema ganhou os debates em fevereiro depois que o então apresentador do Flow Podcast Bruno Aiub, o Monark, defendeu a criação de um partido nazista no país. A discussão teve continuidade após o comentarista Adrilles Jorge fazer uma saudação semelhante a gesto nazista em um programa de TV. Os dois foram demitidos dos respectivos canais.
A história do Brasil não está distante dos ideais nazistas. Na década de 1930, quando o III Reich se espalhava pela Europa, a partir do governo de Hitler na Alemanha, o governo do presidente Getúlio Vargas flertava com o nazismo. Em comum, interesses comerciais entre as duas nações e as preocupações com o chamado à época "comunismo judeu".
O Brasil teve o maior partido nazista fora da Alemanha. A sigla chegou a ter presença em 17 estados brasileiros. Em 1º de maio de 1937, um comício nazista atraiu milhares de pessoas ao centro de Porto Alegre, chegando a registrar até mesmo a presença do governador do estado na época.